Estradão
Até o fim de maio, 42,8% das transportadoras do País devem reduzir seus quadros de funcionários. Esse é principal resultado de um levantamento feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). O estudo tem como foco as relações trabalhistas durante o período de pandemia do novo coronavírus.
Esta é a segunda rodada do levantamento sobre o impacto no transporte realizada pela CNT. O estudo foi realizado com 600 empresas de transporte de cargas e de passageiros de todos os modais entre os dias 20 e 24 de abril.
O volume de carga transportada no Brasil recuou 41,4% na semana passada, de acordo com um estudo realizado pela NTC&Logística. O dado, embora ainda seja bastante negativo, aponta uma pequena melhora.
Na última semana de abril, a retração era de 45,17%, também de acordo com a NTC&Logística. Um dos desdobramentos da queda da atividade do volume de transporte de carga nos últimos dois meses é que 33% das transportadores brasileiras já fizeram demissões.
Transportadoras vão demitir mais
Das 54,3% das transportadoras que ainda não fizeram demissões, 18,1% devem cortar pessoal. O estudo aponta que, até o fim de maio, 42,8% das empresas pesquisadas reduzirão o número de empregados.
Dos transportadores que já realizaram demissões, 72,7% dispensaram até 49 empregados. E 11,1% cortaram 100 ou mais funcionários, de acordo com o levantamento.
Para a CNT o cenário de demissões poderia ser ainda pior. A Medida Provisória n.º 936/2020, que prevê a possibilidade de suspensão temporária dos contratos de trabalho ajudou a minimizar o problema. A MP também prevê a redução da jornada de trabalho com a respectiva redução de salário.
“Os empresários entendem a importância das medidas adotadas para reduzir os impactos da crise. Mas acreditam na necessidade da aplicação de medidas de apoio mais consistentes”, diz o presidente da CNT, Vander Costa.
Redução de jornada e salário
Segundo o estudo, 47,5% das transportadoras que participaram do levantamento já suspenderam ou vão suspender contratos de trabalho temporariamente. Isso deve ser feito nos próximos 30 dias.
Das 600 empresas ouvidas, 52,5% realizaram a suspensão do contrato de até 49 empregados. E 23,2%, suspenderam o contrato de 100 ou mais empregados.
Além disso, 47,9% informam que poderão reduzir a carga horária dos empregados até o fim de maio. Das 600 empresas, 33,2% já reduziram as jornadas dos funcionários.
Entre os transportadores que optaram por essa solução, 60,8% decidiram pela redução de 25% da jornada e salários. Outras 49,7% optaram pela redução de 50% e 30,7%, pela redução de 70%. Essas são as três condições previstas na MP.
“É fundamental que essas medidas sejam aplicadas a todas as empresas, independentemente de seu porte”, diz Costa. “Só assim será possível assegurar empregos e manter a operação dos serviços de transporte, essenciais para o abastecimento do País”. (Estradão)