O Estado de S. Paulo/The Economist
Auge, tropeço ou pausa breve? Só o tempo dirá. O fato é que, no dia 11 de fevereiro, a Agência Internacional de Energia (AIE), organização intergovernamental que reúne dados desse tipo, anunciou que as emissões de dióxido de carbono ligadas ao setor energético no ano de 2019 foram iguais às dos anos anteriores: 33,3 bilhões de toneladas.
As emissões ligadas à energia, incluindo aquelas produzidas pela geração de eletricidade, aquecimento e transporte, respondem por mais de 70% da poluição mundial pelo CO2. A pausa no crescimento parece causada por um declínio no uso do carvão, particularmente nos países mais ricos, somado ao crescente uso da energia renovável.
Como resultado disso, a intensidade de CO2 da geração de eletricidade – medida de quanto dióxido é emitido por kilowatt-hora de eletricidade – teve queda de quase 6,5%, chegando a 340 gramas de CO2 por kilowatt-hora. O número já estava em queda, mas essa foi três vezes maior que a média da década anterior. Declínios desse tipo vão além de compensar o efeito do aumento na produção de energia. A intensidade de emissão média da geração de energia em 2019 foi “quase tão baixa quanto a das usinas elétricas a gás mais eficientes”, de acordo com a AIE.
Não é a primeira vez que as emissões ligadas ao setor energético parecem se manter em um mesmo patamar.
Entre 2013 e 2016, elas ficaram em torno da marca de 32,2 bilhões de toneladas ao ano, antes de aumentarem novamente em 2017 com o maior uso do carvão para abastecer as economias em desenvolvimento. Esse patamar anterior foi acompanhado por declarações animadoras, dizendo que as emissões teriam atingido seu ápice. Comentários parecidos foram feitos essa semana, e é possível que sejam prematuros. Além das mudanças no uso do carvão, uma economia em marcha lenta pode ter desempenhado um papel, e os dados mostram que um clima mais ameno que o habitual causou uma queda perceptível nas emissões de vários países com economias grandes e famintas por carvão.
A notícia também deve ser encarada no contexto dos dados mais recentes da Floresta Amazônica. Historicamente, esta que é uma das maiores áreas verdes do mundo atuou como uma esponja, absorvendo o CO2 e retirando-o da atmosfera por meio da fotossíntese. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) mostraram que uma vasta parte do sudeste da Amazônia, mais ou menos um quinto da sua área, perdeu a capacidade de absorver o gás, sendo agora uma nova fonte de emissões para a atmosfera. A região foi agressivamente desmatada, de modo que essa notícia não surpreende, mas a frustração se mantém. (O Estado de S. Paulo/The Economist)