Diário do Transporte
O primeiro-ministro Boris Johnson deve elaborar planos para o Reino Unido atingir emissões líquidas de carbono zero até 2050 se quiser de fato obter sucesso na cúpula climática da COP 26, afirmaram os ativistas ambientais.
Ao lançar hoje, 06 de fevereiro de 2020, a presidência do Reino Unido na reunião climática da ONU, marcada para Glasgow em novembro de 2020, o primeiro-ministro Boris Johnson destacou apenas uma nova política importante – a de antecipar a eliminação progressiva da venda de veículos a diesel e gasolina de 2040 a 2035.
Isso porque, segundo eles, o governo conservador do Reino Unido ainda não estabeleceu planos firmes ou novas medidas sistemáticas com o objetivo de atingir a meta de zero líquido, consagrada em lei pela primeira-ministra antecessora Theresa May no verão passado.
Atingir a meta exigirá mudanças radicais na economia e na infraestrutura do Reino Unido, desde a geração de energia no transporte, habitação e agricultura e bens de consumo e alimentos. É provável que quase todos os principais departamentos governamentais tenham de estar envolvidos de alguma forma.
Em outras políticas, o governo conservador tem deixado a desejar.
Johnson prometeu mais plantio de árvores, mas isso ficou aquém das metas no ano passado, e os incentivos prometidos aos agricultores para usar suas terras para armazenar carbono ainda estão atrasados, apesar da nova lei agrícola.
Enquanto isso, outras áreas da política ambiental – como energia renovável, isolamento residencial, eficiência energética doméstica e regulamentos de construção – definharam, recebendo pouca atenção ministerial, segundo matéria do jornal The Guardain.
Ainda segundo o Guardian, Johnson enfrentou constrangimento na recente cúpula entre Reino Unido e África, onde anunciou o fim de novos investimentos britânicos em carvão africano, apesar de não ter havido tal investimento pelo Reino Unido desde 2002. Na mesma cúpula, quase 2 bilhões de libras esterlinas em novos acordos sobre a África petróleo e gás foram anunciados, levando a acusações de hipocrisia.
O orçamento do próximo mês seria a oportunidade ideal para o governo mudar de rumo e apresentar novas medidas concretas sobre a crise climática, disse Doug Parr, diretor de políticas do Greenpeace do Reino Unido.
Já Aaron Kiely, um ativista climático da Ong Friends of the Earth (Amigos da Terra), disse que Boris Johnson pode falar sobre o clima, “mas quando se trata de caminhar sobre o tema, ele não tem sido um Usain Bolt”, disse. “O primeiro-ministro precisa usar o orçamento do próximo mês para mostrar que a Grã-Bretanha está pronta para fazer o que for necessário para enfrentar a emergência climática”, afirmou.
“Não precisamos de mais metas e promessas de longo prazo, precisamos de medidas concretas, como proibir novas perfurações de petróleo e gás, energia renovável para impulsionar foguetes e direcionar 5% dos gastos do governo para enfrentar a emergência climática e natural. A Grã-Bretanha tem que liderar pelo exemplo, ou não liderará”, concluiu o ambientalista. (Diário do Transporte/Alexandre Pelegi)