AutoIndústria
A Caoa Chery projeta encerrar 2019 com cerca de 20 mil veículos no mercado interno. O resultado representará salto de mais de 130% sobre os 8,6 mil colocados nas ruas no ano passado e uma prova de que a parceria do grupo brasileiro com a chinesa Chery tem tido, em pouco tempo, sucesso que poucos podiam imaginar.
Nos primeiros onze meses de 2019 foram licenciados 18 mil veículos da marca, contra 7,5 mil de igual período de 2018, já o melhor resultado desde 2014, quando foi inaugurada a fábrica de Jacareí (SP), então apenas com o capital e comando chineses.
A Caoa Chery responde por 0,9% dos licenciamentos de automóveis de passeio no País e está na 12ª colocação no ranking de marcas, à frente da já veterana Peugeot. Há exatamente um ano sua participação era de 0,4% e era apenas a 18ª marca mais vendida.
Esse súbito avanço se deve claramente ao know how comercial e forte atuação de marketing da parceira brasileira, que passou a tocar os negócios da Chery aqui em 2017, e especialmente a novos produtos, em particular os utilitários esportivos Tiggo 5X, apresentado há um ano, e o Tiggo 7, cujas vendas começaram no primeiro bimestre.
O 5X é destacado o maior sucesso e atual líder de vendas da montadora e em poucos meses ultrapassou o pioneiro e mais barato Tiggo 2. No acumulado de 2019, já foram negociadas 6,9 mil unidades do SUV e 5,6 mil do irmão mais barato.
Caoa Chery – Concessionária
Número de concessionárias chegará a 142 no ano que vem. Montadora investirá em locadora própria.
Mas o excelente desempenho deste ano da montadora, porém, deve ser superado com relativa facilidade em 2020, segundo o CEO Márcio Alfonso. A expectativa é repetir pelo terceiro ano consecutivo crescimento na casa dos três dígitos e ultrapassar 1% de participação. “Estamos trabalhando para alcançar 50 mil veículos no ano que vem”, revelou o executivo nesta terça-feira (10).
Os esforços para chegar a esse novo patamar abrangem várias frentes. Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador e chairman do Grupo Caoa, revelou que a montadora fará seis lançamentos de veículos ao longo do ano que vem. Dois absolutamente novos – um deles já no primeiro semestre –, além de atualizações da atual gama.
Os novos produtos são o sedã Arrizo 6 e mais um SUV, o Tiggo 8. Mas até mesmo os novatos Tiggo 5 X e 7 passarão por modificações no fim do ano. Mudanças em prazo tão curto, é algo que o brasileiro terá de se acostumar com os carros da marca, alerta Alfonso:
“Na China é assim. Em menos de dois anos eles mudam algo, atualizam a tecnologia, alteram detalhes no desenho. Ficará difícil explicar para o consumidor brasileiro porque lá fora o carro mudou e aqui não”.
Por outro lado, a empresa também está ampliando de forma expressiva sua rede de concessionárias para aumentar o poder de venda. Das 25 que detinha em abril de 2018, encerrará 2019 com 115 casas e planeja chegar a 142 no ano que vem.
Capacidade produtiva não faltará. Jacareí, onde são montados o Tiggo 2 e o sedã Arrizo 5 e que receberá o Arrizo 6, tem capacidade instalada para 100 mil veículos anuais e, com algumas modificações, afirmam seus dirigentes, poderá acrescentar mais 50 mil veículos nessa conta.
A unidade de Anápolis (GO), base produtiva dos Tiggo 5x e 7, do futuro Tiggo 8 e de modelos da marca Hyundai, fabricados sob licença pela Caoa, pode produzir anualmente 86 mil veículos em dois turnos de trabalho. Com um terceiro turno, ultrapassaria 100 mil.
Locação
A expectativa de mais que dobrar as vendas em 2020 é respaldada ainda por uma nova frente de trabalho. A Caoa Rent a Car é a mais nova empresa do grupo e começa a operar em janeiro.
A locadora atuará inicialmente em frotas e com contratos de mais longo prazo, de um ou dois anos, para pessoas físicas. A locação de varejo, aquela que envolve apenas dias, ficará para um segundo momento, mas ainda em 2020.
Márcio Alfonso lembra que a Caoa Chery se vale pouco das vendas diretas – “Tanto que se descontarmos essa modalidade, nossa participação de mercado é 1,3% já – e que não pretende mudar esse quadro no curto prazo.
“Com a nossa locadora, manteremos essa importante fatia do negócio nas nossas mãos. Isso também evitará uma desvalorização mais acentuada no preço de revenda desses veículos, algo comum em muitas marcas que têm grandes locadoras como clientes”. (AutoIndústria/George Guimarães)