O Estado de S. Paulo
Com crescimento de 0,6% no terceiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto do País ficou acima das expectativas e levou analistas a aumentar suas previsões de 1% para 1,2% no ano, na média de 24 instituições financeiras consultadas. Não houve, porém, mudança para o cenário de 2020: a aposta é de variação de 2,3%. A alta nos meses de julho, agosto e setembro foi puxada pelo consumo das famílias, que cresceu 0,8% ante o segundo trimestre. A recuperação gradual do mercado de trabalho, a inflação controlada, os juros baixos e a oferta de crédito ajudaram a impulsionar o consumo. A liberação de saques do FGTS em setembro também contribuiu e deverá ter reflexos no quarto trimestre. O PIB industrial teve alta de 0,8%, puxado especialmente pela indústria extrativa, e a construção civil elevou investimentos. O setor externo e os gastos do governo foram os pontos negativos. O presidente Jair Bolsonaro disse que o crescimento da economia no terceiro trimestre “veio em boa hora”. “O Brasil está crescendo”, afirmou.
Puxada pelo consumo das famílias, a economia manteve a rota de recuperação no terceiro trimestre do ano, quando o Produto Interno Bruno (PIB, que representa o valor de todos os bens e serviços produzidos pelo País) cresceu 0,6% em relação ao segundo trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2018, a alta foi de 1,2%. O resultado ficou acima da expectativa inicial dos analistas, que elevaram suas previsões para o fechamento do ano. A estimativa passou de 1% para 1,2%.
Esse número corresponde à mediana de projeções de um universo de 24 instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast, serviço especializado da Agência Estado. As estimativas vão de um piso de 1% até a máxima de 1,3%. Não houve, porém, mudança para o cenário de 2020. O mercado manteve a aposta de uma variação de 2,3% (considerando a mediana) para o PIB no próximo ano.
Em janeiro, os analistas chegaram a estimar um avanço de até 2,6% para o PIB neste ano, embalados pela expectativa de que o governo pudesse, entre outras medidas, negociar no Congresso a aprovação de reformas consideradas necessárias – o que aconteceu apenas no caso da Previdência. Coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, classificou a recuperação da economia como “uma melhora mais ou menos contínua, mas não muito acelerada”.
Famílias
Como respondem por cerca de 65% do PIB pela ótica da demanda, os gastos das famílias deram o tom no terceiro trimestre, com expansão de 0,8% ante o segundo trimestre – com ajuda dos investimentos, que cresceram 2,0%, compensando as contribuições negativas do setor externo e dos gastos do governo.
Além da recuperação gradual do mercado de trabalho, inflação comportada, juros baixos e crédito em alta, o consumo recebeu um empurrão a mais com a liberação de saques do FGTS em setembro, que ainda deverá surtir efeito neste quarto trimestre.
Pelo lado da oferta, o consumo privado impulsionou o PIB de serviços, que avançou 0,4% na comparação com o segundo trimestre deste ano – dentro dos serviços, o comércio registrou alta de 1,1% ante o trimestre imediatamente anterior. A agropecuária cresceu 1,3%, puxada pelas safras de milho e algodão.
Já o PIB industrial avançou 0,8%, com variações divergentes entre as atividades. A indústria da transformação encolheu 1%, atingida principalmente pela queda das exportações para a Argentina, que está em crise, enquanto a indústria extrativa avançou 12%, impulsionada pela produção de petróleo e sobre uma base de comparação deprimida pelas paradas de produção após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), ocorrido em janeiro.
“É uma economia que está conseguindo subir gradualmente, sem estímulo fiscal. Começa a acelerar gradualmente, mas de forma saudável, e mesmo com as exportações em queda”, afirmou o economista Luka Barbosa, do Itaú Unibanco.
O Ministério da Economia afirmou que, mantido o atual ritmo de expansão no quarto trimestre, o crescimento do PIB em 2019 será de 0,98%, graças ao carregamento estatístico. O presidente Jair Bolsonaro foi na mesma linha e disse que o crescimento registrado pela economia brasileira no terceiro trimestre “veio em boa hora” e que a previsão do governo é de que o País vai manter o ritmo no quarto trimestre.
“Pode ser inesperado para os analistas econômicos, mas da nossa parte sabíamos que viria uma boa notícia. Ela veio em uma boa hora, e a minha equipe econômica, a nossa equipe econômica, diz que a previsão para o quarto trimestre é crescer. O Brasil está crescendo”, disse ele.
O Ministério da Economia informou que indicadores já disponíveis para este quarto trimestre sinalizam continuidade do movimento de “recuperação consistente”. “O resultado divulgado hoje mostra o aquecimento da economia, que deverá ser reforçado no final deste ano. Desse modo, o Natal de 2019 deverá ser o melhor dos últimos anos.”
“Pode ser inesperado para os analistas econômicos, mas da nossa parte sabíamos que viria uma boa notícia”, Jair Bolsonaro, presidente da República.
“É uma economia que está conseguindo subir gradualmente, sem estímulo fiscal”, Luka Barbosa, economista da Itaú Unibanco. (O Estado de S. Paulo)