Makoto Uchida toma posse como novo CEO da Nissan

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Sem citar o nome de nenhum ex-executivo da empresa, mas lamentando os problemas vividos no ano passado, Makoto Uchida assumiu nesta segunda-feira, 2, o cargo de CEO da Nissan em evento da sede da montadora, em Yokohama, Japão.

 

Em longo discurso, disse ser necessário definir objetivos que sejam desafiadores, mas também atingíveis e compreensíveis. “Temos que tratar os desafios imediatos de recuperar a confiança e restabelecer a performance da empresa”, comentou, destacando que ele confia em sua equipe: “Vou empoderar nossas pessoas para construir o espírito de um só time, que permite que executivos e funcionários assumam a direção que a empresa está seguindo, e assegurem que as operações sejam transparentes para todos”.

 

Uchida iniciou seu discurso expressando sincero pesar por quaisquer problemas causados pelos eventos do ano que se passou. “Eu não posso expor de forma exagerada o quão seriamente estamos conduzindo esta situação”.

 

Os problemas na Nissan começaram efetivamente em novembro do ano passado, quando seu presidente, Carlos Ghosn, foi preso no Japão após alegações de que teria usado dinheiro da empresa para uso pessoal e cometido outros atos graves de fraude financeira. Ele foi substituído por Hiroto Saikawa, que em setembro renunciou ao cargo de CEO após ter admitido ter recebido pagamentos indevidos ligados à cotação das ações do grupo.

 

O novo CEO entrou na Nissan em 2003, quando a empresa estava fazendo 70 anos. “Na época, eu já estava no mercado de trabalho há 10 anos”, lembrou Uchida. Para mim, a Nissan era uma grande empresa. Nós fomos um contribuidor chave para a economia do Japão e eu senti que a dinâmica expansão mundial do nosso negócio – graças à Aliança com a Renault – havia nos tornado um novo tipo de empresa japonesa”.

 

O executivo destacou ainda que sua primeira missão na Nissan foi na Renault-Nissan Purchasing Organization (Organização de Compras Renault-Nissan), época em que ficou ficou extremamente impressionado pela capacidade das pessoas da empresa, “a facilidade com que abraçavam a diversidade, e sua força para acreditar e seguir em busca de grandes metas”.

 

Admitiu, ainda, que a Aliança contribuiu muito para o crescimento da Nissan, a partir da compra conjunta de peças e materiais, utilizando plataformas, motores e peças comuns, além de compartilhar recursos humanos.

 

“Estes são apenas alguns dos exemplos das muitas áreas nas quais promovemos rupturas”, destacou. “Entretanto, os recentes problemas em torno das inspeções finais no Japão e a má conduta na esfera executiva revelaram sérios problemas operacionais e uma governança corporativa frágil. Isso não apenas prejudicou nossa reputação, ao tentar alcançar metas exageradamente ambiciosas, como causou um rápido declínio em nossa performance”.

 

Na sua avaliação, o maior problema foi o desenvolvimento de uma cultura na qual as pessoas não tinham outra opção a não ser prometer que entregariam o inatingível durante o processo de definição de metas. “Isso levou os funcionários a evitar ter iniciativas, trabalhar juntos ou resolver problemas. Para atingir objetivos de crescimento exageradamente ambiciosos, as pessoas tinham a tendência de buscar ganhos de curto prazo”.

 

“Na área de vendas, um exemplo é o uso excessivo de incentivos para estimular um crescimento de curto prazo que, no final das contas, prejudicou o poder e a lucratividade da nossa marca. Sob a nova organização, o COO Ashwani Gupta, o vice-COO Jun Seki, e eu vamos trabalhar juntos com toda a equipe de diretoria para conduzir o negócio de forma eficiente. Existem três palavras que me guiam: respeito, transparência e confiança”.

 

O novo CEO diz que quer construir uma cultura corporativa na qual sejam ouvidos clientes, concessionários, fornecedores e uma série de stakeholders, dentro e fora da organização. “Uma cultura onde diferentes opiniões são bem-vindas. Para incutir esta cultura em toda a empresa, repensamos o Nissan Way, que orienta a forma como trabalhamos. Vou assumir a liderança para ter certeza que toda a organização abrace estas

 

da empresa, dizendo que a atual direção está trabalhando em uma transformação do negócio baseada em 3 pilares: reconstruir a força das operações nos Estados Unidos, melhorar a eficiência das operações e investimentos, e fomentar um crescimento contínuo por meio de novos produtos, novas tecnologias, e a Nissan Intelligent Mobility.

 

“Como dissemos ao anunciar nossos resultados financeiros do primeiro semestre, estamos fazendo progressos por meio de nossas iniciativas nos Estados Unidos, e melhorando as eficiências de nossas operações e investimentos”.

 

Para finalizar, citou suas principais metas à frente da empresa: “Quero fazer da Nissan uma empresa que oferece aos clientes um valor que eles só possam obter conosco, pois estamos além da curva. Quero fazer da Nissan uma empresa que define tendências para o futuro da mobilidade e nunca para de tentar fazer do futuro uma realidade. Quero que nossos funcionários sintam orgulho de trabalhar para a Nissan. Se fizermos isso, vamos recuperar a confiança dos nossos clientes. Resumindo, minha missão é reunir as capacidades das pessoas da Nissan, para criar uma pujante força motriz para a empresa. Espero que vocês continuem a nos apoiar e seguir ao continuarmos nesta jornada”. (AutoIndústria)