ONU faz apelo para evitar catástrofe climática e recomenda transporte público, inclusive para o Brasil

Diário do Transporte

 

O Boletim anual sobre concentrações de gases do efeito, divulgado nesta segunda-feira, 25 de novembro de 2019, com advertência da ONU – Organização das Nações Unidas nesta terça-feira, 26, foi bem claro ao ressaltar que se o mundo não se esforçar em reduzir as emissões destes tipos de poluentes, o planeta pode entrar no que considerou “catástrofe climática”.

 

Os investimentos em transportes públicos e em veículos de baixas emissões locais, como elétricos e a biocombustíveis, estão entre os destaques do relatório, inclusive para o Brasil.

 

Em todo o mundo, a orientação é para, além da redução das emissões pelos transportes, aumento da eficiência energética do setor.

 

Ainda sobre o Brasil, a ONU critica a política do presidente Jair Bolsonaro em reduzir as verbas do Ministério do Meio Ambiente e a retomada do crescimento do desmatamento.

 

Entretanto, o relatório ressalta positivamente o Programa RenovaBio, que visa aumentar a participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira, e os planos do Governo Federal em aumentar o transporte ferroviário no setor de cargas dos atuais 15% para 29% nos próximos oito anos.

 

Mundo

 

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, mesmo que todos os compromissos atuais sob o Acordo de Paris para o clima sejam implementados, as temperaturas deverão subir 3,2°C, trazendo impactos climáticos ainda maiores e mais destrutivos.

 

Para que o aumento da temperatura global seja limitado a 1,5% até 2030, como prevê o cenário mais positivo do Acordo de Paris, a ONU adverte que a ambição coletiva precisa aumentar em mais de cinco vezes em relação aos níveis atuais para proporcionar os cortes necessários na próxima década. Entre 2020 e 2030, as emissões globais de gases de efeito estufa (GEEs) devem cair 7,6% ao ano.

 

O PNUMA fez uma série de recomendações para que globalmente as metas sejam alcançadas, entre as quais, ampliação dos deslocamentos por transporte coletivo nas principais cidades do mundo.

 

A eletromobilidade também está entre as alternativas para deixar as cidades em todo mundo, onde mais se concentram as emissões locais, menos nocivas ao meio ambiente.

 

O PNUMA calcula que serão necessários investimentos de grandes recursos em setor energético para o cumprimento das metas de entre US$ 1,6 trilhão e US$ 3,8 trilhões. Entretanto, sem esses investimentos, os custos em saúde podem ser maiores.

 

O relatório faz críticas ao que considera falta de compromisso de grande parte do G20, grupo dos 20 países mais ricos do planeta que, sozinhos, são responsáveis por 75% das emissões globais, como mostra nota da ONU Brasil.

 

Os países do G20 respondem coletivamente por 75% de todas as emissões, mas apenas cinco deles se comprometeram com uma meta de emissões zero a longo prazo.

 

No curto prazo, os países desenvolvidos terão que reduzir suas emissões mais rapidamente que os países em desenvolvimento, por razões de justiça e equidade. No entanto, todos os países precisarão contribuir mais para os efeitos coletivos.

 

Os países em desenvolvimento podem aprender com os esforços bem-sucedidos nos países desenvolvidos e podem até ultrapassá-los e adotar tecnologias mais limpas em um ritmo mais rápido.

 

A nota ainda explica que para o cumprimento das metas globais de restrição de aumento de temperatura, as emissões em 2030 devem se limitar a 15 gigatoneladas de CO2.

 

A cada ano, o relatório do PNUMA avalia a diferença entre as emissões previstas para 2030 e os níveis consistentes com as metas de 1,5°C e de 2°C do Acordo de Paris. O relatório constata que as emissões de GEE aumentaram 1,5% ao ano na última década. As emissões em 2018, incluindo as mudanças no uso da terra, como o desmatamento, atingiram uma nova alta de 55,3 gigatoneladas de CO2 equivalente.

 

Para limitar o aumento das temperatuEGR2019-Diario-do-Transporteras, as emissões anuais em 2030 precisam ser 15 gigatoneladas de CO2 equivalente mais baixas do que as CNDs atuais para a meta de 2°C e 32 gigatoneladas mais baixas para a meta de 1,5°C. Em termos anuais, isso significa reduções de 7,6% ao ano entre 2020 a 2030 para cumprir a meta de 1,5°C e 2,7% ao ano para a meta de 2°C. (Diário do Transporte/Adamo Bazani)