O Estado de S. Paulo
A estimativa mais relevante do Monitor do PIB calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) é a do crescimento de 0,9% entre os terceiros trimestres de 2018 e de 2019, porcentual semelhante ao apurado nas últimas pesquisas Focus do Banco Central (BC). Os dados de setembro do Monitor são algo melhores, com alta de 0,3% em relação a agosto e de 2,1% comparativamente a setembro de 2018, mas não bastam para assegurar que o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 será igual ou superior a 1% nem que será maior que o de 2018.
O Monitor do PIB reproduz, com razoável fidelidade, a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre as contas nacionais. Para manter esse efeito espelho, a FGV reviu os cálculos do sistema de contas nacionais à luz de mudanças anunciadas há pouco pelo IBGE. Com elas, o avanço do PIB de 2018 deverá ser revisado de 1,1% para 1,4%.
Como notou o economista Cláudio Considera, que coordena o Monitor do PIB, “o crescimento da economia no terceiro trimestre, pelo lado da oferta, é resultado do bom desempenho registrado na agropecuária, indústria (exceto transformação) e serviços (exceto transportes e intermediação financeira)”. Pelo lado da demanda, nota Considera, “destaca-se a Formação Bruta de Capital Fixo com todos seus componentes positivos, inclusive a construção”.
O problema é que a indústria de transformação estagnou no terceiro trimestre e a exportação está caindo. Dificuldades como a crise da Argentina, grande importadora de produtos brasileiros, são imprevisíveis. Para ser menos atingido pela crise global, o País teria de elevar muito sua produtividade, tornando o produto brasileiro mais competitivo.
O recuo da indústria de transformação do País só em parte é compensado pelo crescimento de 1,9% do consumo das famílias e pelo aumento de 2,5% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF ou taxa de investimento) entre o terceiro trimestre de 2018 e o de 2019.
A FGV estima que a proporção entre a FBCF e o PIB atingiu, na série a valores de 1995, 18,6%, maior porcentual desde o quarto trimestre de 2015.
A recuperação do consumo atual doméstico deixa clara a importância da liberação de recursos novos, como os do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), para o ritmo da atividade econômica. (O Estado de S. Paulo)