Cruzeiro do Sul
Funcionários do Campo de Provas (CP) da Ford em Tatuí estão preocupados com o possível fechamento da unidade que completa 41 anos e que, além de pioneiro, já foi um campo de testes mais completos da América do Sul. Depois de fechar a fábrica de São Bernardo do Campo, onde eram produzidos caminhões e o New Fiesta, o temor agora é que a unidade seja desativada ou terceirizada.
Há algum tempo o número de funcionários do campo vem caindo, principalmente depois que foi anunciado o fim da produção de caminhões. Para protestar contra a atual situação os funcionários que restaram entraram em greve setembro. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí, a ideia da montadora seria terceirizar o CP para uma empresa, de tal sorte que outros fabricantes pudessem utilizar as instalações, ocupando a parte ociosa.
Na última quinta-feira (21), a Ford confirmou o desligamento de 110 funcionários do CP. Com essas demissões a empresa quer tornar a unidade viável economicamente e manter sua capacidade de desenvolvimento de produtos. Alega também que com o fechamento de São Bernardo, onde eram produzidos os caminhões e o Fiesta, a unidade está subutilizada. Não foi divulgado o número de funcionários que restaram na unidade.
Centro especializado
Por se tratar de um local de testes e desenvolvimento de produtos, o CP de Tatuí sempre empregou funcionários altamente especializados, como engenheiros, técnicos, pilotos e mecânicos de teste e tem um nível salarial bastante elevado.
O Campo de Provas de Tatuí passou a funcionar em 1978, ocupando uma área de 4,66 milhões de metros quadrados, com 60 quilômetros de pistas pavimentadas e fora da estrada para simular os diferentes tipos de piso encontrados nas estradas e ruas brasileiras, com pistas de alta e baixa velocidade, além de rampas com até 30 graus de inclinação.
De acordo com material distribuído pela montadora por ocasião dos 40 anos da unidade, o CP de Tatuí conta com laboratórios para medição de desempenho e consumo de combustível, emissões, evaporação, arrefecimento, frenagem, penetração de água e poeira, corrosão em cabines de névoa salina, nível sonoro interno e externo, dinâmica veicular, suspensão, calibração e desenvolvimento de motores.
Ford produz dois modelos no País
Com o fim da produção de caminhões e do Fiesta, a Ford passou a produzir no Brasil, na planta de Camaçari (BA), apenas dois modelos, o Ford EcoSport e o compacto Ka, em uma variada gama de versões. A picape Ranger, com boa participação no mercado, é fabricada na Argentina. Os demais modelos da marca vendidos no Brasil, como o SUV Edge e o esportivo Mustang, são importados.
A Ford, entretanto, não é a única montadora com problemas no seu campo de provas. A General Motors também vem enxugando as atividades do Campo de Provas de Cruz Alta, em Indaiatuba, que chegou a contar com mais de 700 funcionários entre pilotos de provas, engenheiros, técnicos e funcionários, hoje teria em torno de 150 funcionários. (Cruzeiro do Sul/Adalberto Vieira)