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O Paraná concentra um importante polo da indústria automotiva. Os resultados mais recentes da produção industrial no estado mostram a expressividade do setor, que foi responsável por alavancar o Paraná no ranking nacional. De acordo com o IBGE, a alta acumulada entre janeiro e agosto deste ano foi de 6,5%, em comparação ao mesmo período do ano anterior – somente em julho, as indústrias de automóveis cresceram a produção em 31,5%. Os números são resultado de grandes investimentos que o setor vem fazendo para acompanhar a evolução do mercado. Em particular, a digitalização dos processos fabris e a implementação de projetos de pesquisa aplicada no setor têm transformado a rotina dentro das fábricas.
Mas não é apenas digitalização aplicada aos processos fabris que deve impactar o setor. O comportamento do consumidor e o crescimento populacional concentrado nas grandes cidades são também gatilhos para inovações aplicadas na fabricação de veículos, e de forma mais ampla, no contexto da mobilidade urbana. Até 2050, a ONU estima que a população chegará a 9,7 bilhões de pessoas em todo o mundo. Especialmente nos grandes centros, será preciso repensar a mobilidade. “Mais de 60% dessas pessoas vão viver em grandes cidades. Precisamos pensar como será a mobilidade do século XXI para que possamos atender tantas pessoas em tantos locais diferentes, e de forma sustentável. O mercado deve pedir por tecnologias e inovações nesse sentido”, analisa Filipe Cassapo, gerente de Inovação do Sistema Fiep.
Mobilidade sustentável e inteligente
Uma das principais mudanças no setor automotivo está justamente no crescimento populacional. O mercado de veículos híbridos e elétricos passou por um aumento de 20% nas vendas entre 2017 e 2018. Acompanhado por soluções em outros modais, como bicicletas e patinetes elétricos, esse desafio global dá início a um novo movimento de consumo: o compartilhamento de veículos e o transporte intermodal, em que o usuário realiza um trajeto utilizando mais de um meio de locomoção, de forma sustentável e inteligente.
A mudança impacta toda a cadeia. Cassapo explica que os institutos de pesquisa aplicada, como o Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica do Paraná, trabalham para otimizar o uso das baterias elétricas, a fim de garantir maior eficiência. “A bateria elétrica é o coração dos veículos da nova era de mobilidade sustentável. Por isso, o objetivo das nossas atividades de pesquisa no Senai consiste em melhorar propriedades como peso, quantidade de ciclos e proporcionar ao consumidor uma experiência de uso de maior eficiência e valor agregado”, diz.
Outros setores relacionados
As indústrias de tintas e peças automotivas também avançam rumo ao futuro da mobilidade. O gerente de Inovação do Sistema Fiep, Filipe Cassapo, conta que há muitos pontos de intersecção entre os negócios da cadeia automotiva. “Todos os materiais que mudam propriedades nos veículos são importantes e estão sendo estudados. Desde tintas para estética e proteção dos materiais, até metalurgia do pó e nanoestruturas, a eletroquímica está no coração da inovação”, destaca. No Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica, baterias com nanotecnologia embarcada já são uma realidade. Elas utilizam o sistema de ignição stop-start, que permite desligar e ligar o carro de maneira mais rápida, inclusive durante o uso. A principal vantagem dessa utilização é a redução do impacto ambiental, já que o sistema diminui o consumo de combustível, e consequentemente a emissão de gases poluentes.
No Paraná, é possível perceber que a indústria automotiva está muito avançada, explica Filipe. “Temos uma indústria produtiva e inovadora, não só para o desenvolvimento e produção de veículos, mas em toda a cadeia envolvida. Quando falamos em mobilidade inteligente, mobilidade híbrida e elétrica, temos ainda grandes oportunidades de avançar e inovar mais rapidamente, e de forma mais impactante”, destaca. “Nosso papel, enquanto Sistema Fiep, é colocar as soluções à disposição das indústrias e catalisar os processos produtivos para que se beneficiem das evoluções tecnológicas que estão acontecendo de forma cada vez mais rápida”, conclui.
Rota 2030
Para incentivar a inovação na indústria automotiva perante o cenário da tecnologia, o governo federal criou o programa Rota 2030. Durante os próximos anos, serão colocados em prática diversos programas voltados ao desenvolvimento e incentivo à eficiência energética, pesquisa e desenvolvimento, segurança, inspeção veicular, logística e redução de impostos para veículos híbridos e elétricos. O Senai é uma das instituições envolvidas na Rota 2030, com o projeto Alavancagem de Alianças para o Setor Automotivo, que receberá incentivo financeiro para desenvolver e aproximar o ecossistema de inovação paranaense da indústria automotiva. (Portal G1)