O Estado de S. Paulo
As emissões de gases de efeito estufa no Brasil ficaram praticamente estáveis no ano passado, com flutuação de apenas 0,3% em relação a 2017. Apesar de ter ocorrido um aumento no desmatamento da Amazônia, que colaborou para a liberação de mais gás carbônico (CO2) no setor de uso do solo, houve queda nas emissões de energia, equilibrando a conta.
É o que aponta o mais recente relatório do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima, divulgado ontem. O cálculo anual, feito por cientistas de diversas instituições, é independente das contas oficiais do governo, mas considera a mesma metodologia. Em 2018 as emissões brutas, de acordo com o levantamento, foram de 1,939 bilhão de tonelada, ante 1,932 bilhão em 2017. O aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera é o que está promovendo o aquecimento global e as mudanças climáticas.
O ano foi marcado por altas de um lado, mas reduções por outro. As emissões resultantes do aumento de 8,5% no desmatamento da Amazônia observado entre agosto de 2017 e julho de 2018 – na comparação com os 12 meses anteriores – foram em parte compensadas pela redução de cerca de 10% na destruição do Cerrado, o que fez as emissões por mudança de uso da terra crescerem somente 3,6%. O setor, porém, continua respondendo pela maior parte das emissões nacionais – 44%.
Já em energia o aumento de 13% no uso de etanol no Brasil – combustível mais limpo, que zera suas emissões quando a cana-de-açúcar cresce e consome o CO2da atmosfera –, acabou resultando em uma queda de 5% nas emissões do setor. “É a segunda maior queda de um ano para o outro no setor na última década”, diz o engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador do Seeg. Em 2016, a queda foi de 7%, mas no auge da recessão.
Para Azevedo, a estabilidade das emissões brasileiras é uma boa notícia, quando se compara com a trajetória do mundo, “que é de alta”. “Mas, olhando as emissões per capita, nossa contribuição continua maior do que a global”, comenta. A do Brasil, em 2018, foi de 9,3 toneladas por habitante por ano, enquanto a taxa mundial é de 7,2. (O Estado de S. Paulo/Giovana Girardi)