AutoIndústria
AFCA, Fiat Chrysler Automobiles, e o Groupe PSA revelaram nesta quarta-feira (30), na Europa, que encaminham conversas sobre um acordo potencial que, na prática, terá grande impacto na indústria automobilística global ao criar uma potência europeia para rivalizar com o Grupo Volkswagen.
Uma fusão da montadora ítalo-americana e PSA, a segunda maior na venda de carros na Europa, criaria uma empresa global com valor atual de mercado de ações da ordem de US$ 47 bilhões e perto de 8,7 milhões de veículos vendidos em 2018, o que garantiria a quarta colocação entre os maiores fabricantes, atrás somente da Volkswagen, da Renault-Nissan-Mitsubishi e da Toyota.
“Há discussões em andamento com o objetivo de criar um dos principais grupos de mobilidade do mundo”, afirmou a FCA em comunicado. O conglomerado francês também divulgou uma declaração semelhante.
Fontes ligadas às negociações não descartam que o acordo poderia ser anunciado ainda nesta quinta-feira (31).
Analistas calculam que as sinegrias entre os dois grupos podem alcançar acima de € 7 bilhões até 2023, muito em decorrência da sobreposição de negócios na Europa, América Latina e China. Mais ainda: a FCA tem posição destacada nos mercados da América do Norte por meio de marcas como Jeep e Ram, enquanto a PSA traria importante contribuição em volume e lucratividade com seus negócios europeus.
O virtual acordo com a PSA encerraria uma longa novela da FCA em busca de parceria mundial. Desejo antigo de Sérgio Marchionne, CEO falecido em meados do ano passado, começou com a tentativa de acordo com a General Motors, em 2015, e depois com a Renault, negociação frustrada há apenas quatro meses.
A PSA jé tem longa colaboração com a FCA por meio da Fiat, especialmente na produção de veículos comerciais leves na Europ. Com a união, o novo conglomerado reunirá operações na Europa, Ásia e Américas e nada menos do que 13 marcas: Peugeot, DS, Citroën, Opel, Vauxhall, Fiat, Maserati, Lancia, Alfa Romeo, Jeep, Chrysler, RAM e Dodge.
Pouco tempo antes das tratativas com a também francesa Renault chegarem ao fim, agências internacionais asseguraram que FCA teria recebido e rejeitado oferta da própria PSA para uma possível união. Em visita ao Brasil em março, Carlos Tavares, CEO mundial da PSA, no entanto, afirmou que se tratava de mera especulação. Mas declarou:
“A empresa está sempre disposta a agarrar uma oportunidade de compra, parceria ou fusão, desde que a operação acrescente valor aos das empresas anteriormente separadas”.
Foi o que aconteceu, segundo o dirigente, com a compra da Opel-Vauxhall, em 2017. A montadora alemã, então pertencente à General Motors, estava mergulhada em prejuízos ao longo das duas últimas décadas, mas tinha forte presença em mercados-chave para a expansão dos negócios da PSA. Foi submetida a um rigoroso plano de recuperação econômica e de lançamento de produtos e voltou ao lucro já no ano passado.
A união agora com a FCA teria também esse caráter de ampliação de horizontes, além dos ganhos de escala, sinergias, compartilhamento de custos e desenvolvimento de produtos, serviços e principalmente da eletrificação. (AutoIndústria)