Fábrica da Ford encerra produção em São Bernardo do Campo; compra pela Caoa segue indefinida

UOL Carros

 

A produção na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) será encerrada nesta quarta-feira, com a demissão dos cerca de 600 funcionários que ainda trabalham na linha de montagem no dia seguinte, 31 de outubro. A informação é do Sindicado dos Metalúrgicos do ABC, que realiza amanhã assembleia com os trabalhadores a partir das 8h, em frente à Portaria 5 da montadora.

 

O término das atividades na fábrica, operada pela Ford desde 1967, acontece em meio a uma indefinição nas negociações entre a marca oval azul e a Caoa para eventual aquisição das instalações no ABC paulista – e absorção de parte dos demitidos.

 

No dia 3 de setembro, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, o governo do Estado de São Paulo confirmou o interesse da Caoa na compra, na presença de executivos de ambas empresas. Na ocasião, o governador João Doria anunciou que haveria um desfecho das tratativas dentro de 45 dias – o prazo expirou no último dia 18.

 

No dia 17, em reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e do Planejamento do Estado paulista, afirmou que Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o dono da Caoa, ainda buscava financiamento para efetivar o negócio. UOL Carros procurou Ford e Caoa, solicitando posicionamento oficial das companhias, mas ainda não obteve resposta.

 

Wagner Santana, o Wagnão, presidente do sindicato, informou, por meio da assessoria de imprensa, que irá se manifestar somente amanhã, após a realização da assembleia.

 

Fiesta saiu de linha em julho

 

De acordo com a entidade sindical, a fábrica de São Bernardo hoje produz exclusivamente caminhões, enquanto a montagem do Fiesta foi encerrada em meados de julho, com a demissão de aproximadamente 750 trabalhadores envolvidos na produção do hatch compacto.

 

Desde fevereiro, quando a Ford anunciou que iria encerrar as atividades na unidade do ABC até o fim deste ano, cerca de 1,2 mil colaboradores diretos já foram desligados no total, muitos dos quais aderiram ao PDI (programa de demissão incentivada) proposto pela Ford – com o pagamento de benefícios previamente acordados com o Sindicato dos Metalúrgicos. Os 600 que serão demitidos na quinta-feira também integram o PDI, diz a entidade.

 

Ainda há aproximadamente mil funcionários ligados à área administrativa, dos quais uma parcela menor é composta de terceirizados. Desse setor, os contratados da Ford devem manter os empregos. Na coletiva de 3 de setembro, Wagnão disse que a Caoa planeja absorver aproximadamente 750 funcionários para manter no ABC a fabricação de caminhões Ford sob licenciamento, pagando royalties à montadora norte-americana. Na ocasião, Andrade revelou que também planeja fabricar um automóvel de passeio na unidade paulista, sem revelar quais seriam o modelo e a marca.

 

Hoje uma das maiores revendedoras autorizadas da Ford, a Caoa mantém fábricas em Anápolis (GO), de onde saem os SUVs Tiggo 5X e Tiggo 7, da Chery, e também os utilitários esportivos ix35 e New Tucson, da Hyundai; e em Jacareí, no interior paulista, responsável pela produção do sedã Arrizo 5 e do SUV Tiggo 2, ambos da Chery. (UOL Carros/Alessandro Reis)