Diário do Grande ABC
O governador João Doria (PSDB) afirmou ontem que aposta na vinda de montadoras da China para comprar a planta de São Bernardo da fábrica da Ford, que fechará na quinta-feira. Sem citar marcas, o tucano admitiu essa alternativa como plano B diante do impasse envolvendo o grupo brasileiro Caoa, então único interessado na transação.
Após participar de solenidade no quintal da montadora norte-americana, ontem à noite, o governador reconheceu, pela primeira vez, que existem “dificuldades” para que a Caoa compre a planta da Ford no Grande ABC. “É importante lembrar que esse é o tema do privado com privado, ou seja, é (negociação da) a Ford com a Caoa. Não há intervenção direta do governo do Estado nem dependência do governo. A propriedade é da Ford, e o desejo (de adquirir a fábrica) é da Caoa. Eu vejo algumas dificuldades, dadas as circunstâncias do financiamento para isso. Mas ainda acredito que esse entendimento possa ser concluído”, disse Doria, após deixar solenidade em comemoração aos 50 anos da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), realizado no Cenforpe.
Questionado sobre plano B caso a negociação com a Caoa não se concretize, Doria anunciou, sem revelar nomes, a vinda de pelo menos uma fabricante a São Paulo. “A viagem que nós fizemos à China em agosto nos deu boas perspectivas de trazer novos fabricantes para o Brasil, chineses. E eu posso dizer a vocês que pelo menos um fabricante virá a São Paulo e, talvez, até dois. Aí essa é a oportunidade que pode ser conferida para o espaço fabril que neste momento está com a Ford, mas aí é uma outra operação, eu diria com um pouco mais de prazo. Não é uma operação de curtíssimo prazo, mas que ela tende a se materializar”.
A dificuldade da Caoa citada por Doria ontem já havia sido antecipada, na semana passada, pelo secretário estadual Henrique Meirelles (Fazenda e Planejamento), que revelou que a Caoa ainda não havia conseguido financiamento suficiente para emplacar a compra. A transação é estimada em R$ 1 bilhão. A Caoa já buscou os recursos junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas a instituição já teria rejeitado o empréstimo.
Doria citou ainda que, na noite de ontem, o vice-governador Rodrigo Garcia e o secretário estadual Marcos Penido (Infraestrutura e Meio Ambiente) estavam voltando da China, onde, segundo o tucano, “fizeram vários entendimentos com setores de indústria, comércio e serviços e, inclusive, indústria automobilística”.
Sem lado
O governador evitou tomar lado na queda de braço do PSL, entre aliados do presidente Jair Bolsonaro e ala que defende o presidente da sigla, Luciano Bivar. “Desejo que se pacifique e que haja um bom entendimento. Nunca é bom situações que afetem partidos políticos porque isso pode gerar distúrbios na função pública”, pontuou o governador. (Diário do Grande ABC/Júnior Carvalho)