Fabricantes exibem avanços em tecnologia para carros autônomos

O Estado de S. Paulo

 

Em uma das mais importantes mostras globais de veículos, o Salão do Automóvel de Tóquio, no Japão, carros autônomos ficaram em segundo plano, por ainda serem uma tecnologia mais distante, provavelmente disponível para consumo em 2030. Já os veículos elétricos são destaques de todas as fabricantes, algumas debutando no segmento, como a Toyota, que apresentou o ultra compacto elétrico BEV, que será lançado em 2020.

 

Entretanto, em local menos atraente ao público, no andar acima do pavilhão onde estão expostos os automóveis, dezenas de fabricantes de autopeças mostram seus avanços no desenvolvimento de peças e serviços para uso na tecnologia autônoma.

 

A ideia é estar preparado para abastecimento de componentes quando o autônomo virar realidade, o que é esperado para daqui a dez anos.

 

Por enquanto na fase de desenvolvimento de produtos semi autônomos, a Faurecia Clarion mostra um sistema que integra todas as soluções do celular ao carro, por meio do comando de voz.

 

Com três telas opcionais no painel do carro, o condutor pode transferir para esse “painel hitec” todos os comandos dos veículos e também demandar uma série de serviços, inclusive os disponíveis no celular.

 

Um dos serviços desenvolvido em parceria com outras empresas é o que coloca o banco em posição de descanso e este realiza massagens nas costas do motorista e do passageiro por meio de um sistema instalado dentro do assento.

 

“Também é possível ligar as luzes da casa à distância, o ar condicionado, equipamentos eletrônicos de limpeza e abrir a porta”, informa Benjamin Bouyssou, diretor da Faurecia, empresa francesa que há seis meses adquiriu a japonesa Clarin.

 

O executivo informa que uma fabricante brasileira já solicitou, para a próxima geração de modelos que lançará no País, um sistema de apenas uma tela. “Cada empresa pode adaptar a quantidade de telas de acordo com os serviços que pretende oferecer”, informa.

 

Outra apresentação no evento foi a da Saw Fuji, que mostra um equipamento que produz hidrogênio e pode ser carregado na garupa da motocicleta.

 

A Hino, marca do grupo Toyota, realiza testes com um ônibus autônomo que utiliza sistema de direção da Jtekt, fabricante de autopeças com filiais em vários países, inclusive o Brasil.

 

“Nosso sistema está em testes em cidades pequenas e, em boa parte do trajeto, o motorista não coloca as mãos no volante”, afirma Tomonari Yamakawa, diretor geral da empresa, que prevê o lançamento comercial desse veículo para daqui a três anos.

 

Ele ressalta que, mesmo no Japão, ainda falta infraestrutura e legislação para uso desse tipo de veículo, em especial os automóveis, que deverão adotar a tecnologia um pouco mais tarde.

 

Estacionamento

 

Outro sistema de semi-autonomia à mostra no salão é o que leva o carro ao proprietário quando ele sai do shopping ou de outro local.

 

Desenvolvido pela U-Schin, multinacional que no Brasil tem fábrica em Guarulhos (SP), o sistema mapeia o trajeto feito pelo motorista até o estacionamento e, por um toque do celular, o carro vai ao encontro do motorista no local onde ele está, desviando de pedestres, outros carros e obstáculos.

 

Outro sistema da empresa fecha e abre a porta do veículo à distância.  “Vamos começar a oferecer o produto para montadoras do Japão e Europa e, se tiver no Brasil consumidores interessantes, poderemos avaliar a oferta”, diz Emmanuel Bollinger, diretor da U-Shin. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva, jornalista viajou a convite da Anfavea)