Nova marca de bike compartilhada disputa espaço em São Paulo

O Estado de S. Paulo

 

Primeiro foram as laranjas e as vermelhas, depois apareceram as amarelas. A novidade será a entrada, em dezembro, de mais uma combinação de cores (branco e verde) no mercado de bicicletas compartilhadas de São Paulo. A paulistana Scoo, que até então só operava patinetes, chega para reforçar a participação de pequenas e médias empresas brasileiras no setor de micromobilidade.

 

A Scoo ingressa no setor com bicicletas distribuídas em estações de metrô para concorrer com a Tembici, dona e operadora das bicicletas laranjas da BikeSampa, e da E-Moving, de bikes motorizadas. Na outra ponta da concorrência, está a gigante Grow, que nasceu neste ano da fusão da brasileira Yellow com a mexicana Grin.

 

O modelo de negócio das três brasileiras tem suas particularidades. Enquanto Tembici e EMoving fabricam as bicicletas e operam o aluguel delas, a Scoo administra bicicletas e patinetes fabricados em parceria com a brasileira G Ride.

 

Fundada no ano passado, a Scoo foi a primeira startup a aparecer com patinetes motorizados em São Paulo. Além do sistema em que usuários alugam patinetes por determinado período, a empresa faz esforços em parcerias corporativas.

 

Para o lançamento das bikes, a Scoo se uniu ao consórcio CCR para dispor os equipamentos em estações das linhas 4–Amarela e 5–Lilás do metrô.

 

Para a linha amarela, são esperadas até dezembro 500 bicicletas (convencionais e elétricas) e 500 patinetes (elétricos). Até o primeiro trimestre de 2020, o total deve chegar a 3 mil bikes, que também chegarão à linha Lilás. “Entendemos mobilidade como uma revolução do transporte público do futuro. Isso vai trazer muita oportunidade para o negócio da área de micromobilidade”, diz Denis Lopardo, presidente da Scoo.

 

Modal de transporte. A evolução do uso do modal nesta última década justifica o otimismo no mercado. A pesquisa Origem e Destino, feita a cada dez anos pelo Metrô de São Paulo, revelou que em 2017 o consumo diário de bicicletas havia crescido mais de 30% em relação a 2007. Em quatro anos, a principal ciclovia, na Faria Lima, duplicou o fluxo de bicicletas.

 

“Esses modelos ainda são jovens. Bicicletas e patinetes chegaram para ficar. De uma utilização que começou com um fim turístico e de lazer, a população começou a usar no dia a dia como outras formas de transporte. Além de ser sustentável, alivia o transporte motorizado e reduz congestionamentos”, analisa Edmilson Varejão, pesquisador em mobilidade urbana do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

 

São Paulo tem mais de 500 km de ciclovias, com 7.110 vagas de bicicletas distribuídas em 77 estações. “(O mercado no Brasil) está só começando”, afirma Tomás Martins, presidente da Tembici.

 

A empresa, que em São Paulo administra as bicicletas do Itaú Unibanco, está presente em outras capitais do País e em algumas da América Latina, como Buenos Aires. São mais de 2 milhões de viagens mensais com 16 mil bicicletas – sendo 2,6 mil em São Paulo. Segundo o executivo, o faturamento dobrou em relação ao ano passado.

 

A E-Moving, que começou em 2014 com bicicletas terceirizadas, hoje participa do processo de produção. A startup de Gabriel Arcon e Kleber Piedade aposta em equipamentos motorizados, com aluguel quinzenal ou mensal. Eram 400 unidades no ano passado e neste ano já são para 800, distribuídas pela cidade sem estações fixas (sistema dockless).

 

“(A bicicleta) alivia o transporte motorizado e reduz congestionamentos”, Edmilson Varejão – pesquisador da FGV. (O Estado de S. Paulo/Levy Teles)