O Estado de S. Paulo
Primeira montadora a colocar no mercado, em 1997, um carro híbrido para venda em massa – o Prius, movido a gasolina e a eletricidade –, a japonesa Toyota finalmente vai entrar no segmento de veículos movidos apenas a eletricidade. Seu primeiro modelo 100% elétrico, o BEV, um microcarro para dois passageiros, será lançado no próximo ano. Tem como alvo principal a população idosa, que deve crescer nos próximos anos no Japão e em outros países, incluindo o Brasil.
O ultracompacto é uma das novidades da fabricante no Salão do Automóvel de Tóquio, no Japão, que será aberto hoje para a imprensa e na sexta-feira para a público. O evento bianual reúne principalmente as fabricantes asiáticas e mostra as tendências do mercado em termos tecnológicos. A empresa admite que está atrasada em relação às rivais na corrida pelos elétricos. No ano passado, o mercado global foi de 1,21 milhão de veículos eletrificados.
A Toyota mostra também um triciclo elétrico (i-Road) e patinetes (i-Walk) com três opções de uso: com banco, com acoplador de cadeira de rodas e para uso em pé, voltado aos jovens.
“Quanto mais idosa a população, maior a necessidade de mobilidade”, afirma Akihiro Yanaka, um dos responsáveis pelo projeto de eletrificação do grupo. Entre as características do BEV está a facilidade de manobra, além de aquecedor de assento e sistema anticolisão.
O modelo tem 2,49 metros de comprimento e atinge no máximo velocidade de 60 km. Voltada ao uso urbano, a bateria pode ser recarregada em até cinco horas e tem 150 km de autonomia. “Queremos popularizar os carros elétricos e, para isso, precisamos construir um modelo de negócios viável”, disse Yanaka.
Ele reconhece que um dos desafios será o desenvolvimento de baterias menores, mais leves, baratas e rápidas de serem carregadas. O executivo ainda elogiou o Brasil pelo uso do etanol como alternativa à gasolina no caso do recém-lançado Corolla híbrido flex.
Autônomos
Neste ano a Toyota aproveita o salão também para mostrar as tecnologias que estarão nos veículos que atenderão esportistas e funcionários durante a Olimpíada e a Paraolimpíada de Tóquio, em junho de 2020.
A principal delas é o autônomo e-Palette, que fará o transporte de atletas e tem capacidade para 20 passageiros e 4 cadeirantes. A van só estará disponível durante o evento e, segundo Takahiro Muta, responsável pelo projeto, o modelo foi preparado para percorrer trajetos definidos e precisará de mais tempo para poder transitar em estradas normais.
Há também o ônibus Sora, movido a célula de combustível, que terá 100 unidades em circulação na capital japonesa a partir do próximo ano. Com esse tipo de combustível, outro conceito que está no salão será a nova geração do Mirai.
A primeira geração, lançada em 2014 no Japão, EUA e Europa, teve até agora 9,7 mil unidades vendidas. Com design futurista, tem preços entre US$ 42 mil e US$ 58 mil.
Outro conceito é LQ, considerado pelo seu criador, Daisuke Ido, “um carro autônomo com toque humano” por utilizar inteligência artificial para aprender, por exemplo, os gostos do condutor. Se apresentar sonolência, por exemplo, o sistema do carro “puxa conversa” com o condutor sobre um tema que goste, como esporte, até que chegue a um lugar onde possa descansar ou tomar um café.
Brasil. Outras marcas apresentam hoje suas novidades, como a Honda, que mostrará o novo Fit, até agora o único modelo da feira que será produzido também no Brasil.
A Nissan trará o conceito IMK, outro elétrico compacto. Modelos pequenos são campeões de venda no Japão, mercado que vendeu no ano passado 5,2 milhões de veículos, quase o mesmo volume de 2017.
A Suzuki também apresenta dois modelos conceito, um deles híbrido plug in e outro autônomo, e a Mitsubishi trará um SUV híbrido compacto. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva, a jornalista viajou a convite da Anfavea)