O Estado de S. Paulo
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) cortou sua projeção para o crescimento da produção de veículos em 2019, de 9% para 2,1%. A revisão é motivada principalmente por frustrações nas exportações para a Argentina. Se a nova estimativa se confirmar, as montadoras terão produzido 2,94 milhões de unidades no ano, entre veículos leves e pesados. No segmento de leves, a expansão esperada para a produção é 1,8%. Para os pesados, a expectativa é de aumento de 8,2%.
No mercado externo, as previsões também ficaram mais pessimistas. Antes, esperava-se queda de 28,5%. Agora, projeta-se recuo de 33,2%. Com a nova estimativa, seriam exportadas 420 mil unidades. Entre leves, a previsão é de baixa de 32,8%. No caso dos pesados, o recuo esperado é de 40,7%.
Para o mercado interno, a previsão foi cortada de aumento de 11,4% para expansão de 9,1%, com 2,8 milhões de emplacamentos. Entre leves, a estimativa é de 8,1%. Para pesados, projeta-se aumento de 35,1%.
Queda nas exportações
As exportações brasileiras de veículos caíram 7,1% em setembro ante igual mês do ano passado, somando 36,6 mil unidades, informou nesta segunda-feira, 7, a Anfavea. O volume é 0,2% menor que o de agosto. De janeiro a setembro foram embarcados 337,5 mil veículos, queda de 35,6% em relação a igual intervalo do ano passado. O recuo se deve sobretudo à crise da Argentina, principal comprador de veículos brasileiros.
O resultado divulgado pela Anfavea confirma números publicados na semana passada pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que representa as concessionárias.
Já no mercado interno, as vendas cresceram 10,1% em setembro ante o mesmo mês do ano passado, totalizando 234,8 mil unidades vendidas, considerando os segmentos de automóveis, comerciais leves e unidades. Mas em comparação com agosto, houve queda nas vendas de 3,3%. No acumulado do ano, foram emplacadas 2,03 milhões de unidades, alta de 9,9% em relação a igual intervalo do ano passado.
Maior oferta de crédito dos bancos
Diante desse cenário, os bancos querem aumentar a oferta de crédito para aquisição de veículos em 20% a 25% no segundo semestre deste ano em relação ao segundo semestre do ano passado, disse o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.
“Temos conversado com os bancos e eles estão bastante otimistas em relação à oferta de crédito para o nosso setor”, comentou o executivo. Segundo ele, em setembro, houve aumento de 24% na comparação com igual mês do ano passado. “O aumento dos financiamentos já começou e estou otimista com o próximo trimestre”, disse.
Moraes lembrou que a taxa de inadimplência para aquisição de veículos está baixa e que o prazo médio de financiamentos tem sido de 44 meses, dados que mostram um cenário favorável ao crédito.
Carros
A produção de veículos cresceu 10,9% em setembro ante igual mês do ano passado, segundo a Anfavea, alcançando 247,3 mil unidades.
Na comparação com agosto, houve queda de 8,3%. No acumulado do ano até setembro, as montadoras fabricaram 2,26 milhões de unidades, alta de 2,9% em relação a igual período do ano passado.
Apesar do aumento da produção no ano, as montadoras seguem demitindo. Foram fechadas 215 vagas em setembro e 4.542 em 12 meses. No fim de setembro, o setor contava com 127.938 funcionários, baixa de 3,4% em comparação com setembro do ano passado.
Máquinas agrícolas
As vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias caíram 5,2% no mês em relação a setembro de 2018, chegando a 4,7 mil unidades vendidas. O resultado é 11,4% maior que o registrado em agosto. No acumulado do ano, são 32,6 mil vendidas, queda de 5,7% em relação a igual período de 2018.
Na produção, o segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias teve recuo de 16,6% em setembro ante igual mês do ano passado, com a fabricação de 4,8 mil unidades. Em relação a agosto, o resultado aponta retração de 14,2%. De janeiro a setembro, as fábricas acumulam a produção de 41,3 mil unidades, baixa de 10,6% sobre igual intervalo do ano passado.
Nas vendas para o mercado externo, as variações também são negativas. Foram mil unidades vendidas ao exterior em setembro, queda de 11,6% em relação a igual mês do ano passado e de 19,7% na comparação com agosto. No acumulado do ano, a contração é de 0,4%, com a exportação de 9,7 mil unidades. (O Estado de S. Paulo/André Ítalo Rocha)