O Estado de S. Paulo
A indústria automobilística brasileira vai produzir 200 mil veículos menos em relação ao que havia projetado no início do ano. A maior parte da queda virá da redução das exportações para a Argentina, que devem somar apenas 175 mil unidades ante 370 mil previstas em janeiro.
Com a revisão dos números divulgada ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o setor deve encerrar o ano com produção de 2,94 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, volume 2,1% maior que o de 2018. Antes, a previsão era de crescimento de 9%.
Em razão do desempenho inferior ao esperado, algumas montadoras planejam dar férias coletivas de fim de ano maiores que as de 2018 e até mesmo estudam lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho) em janeiro – caso, por exemplo, da Volkswagen.
O volume de exportações foi reduzido de 590 mil para 420 mil veículos, o que representará queda de 33% na comparação com o ano passado.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, afirma ser “pouco provável que o mercado argentino se recupere em 2020”. O país passa por severa crise econômica. Em 2018, foi responsável por 70% das exportações das montadoras brasileiras, participação que hoje está em 50%.
O mercado interno de automóveis e comerciais leves também será inferior ao previsto – em 60 mil unidades –, e deve somar 2,8 milhões de veículos, alta de 9,1% em relação ao ano passado. Em janeiro, a previsão era de crescimento de 11,4%.
Moraes ressalta que o resultado pode ser melhor, principalmente se a reforma da Previdência for aprovada. “Seria bom que parassem com esse tititi o mais rápido possível e que tivéssemos uma reforma robusta.” Ele também conta com a intenção dos bancos de liberarem mais crédito nesse segundo semestre em relação ao de 2018.
De janeiro a setembro, a indústria produziu 2,258 milhões de veículos, 2,9% a mais que em igual período do ano passado. As vendas internas aumentaram 9,9% (2,029 milhões de unidades), enquanto as exportações despencaram 35,6%, para 337,5 mil unidades. Em 12 meses, as fábricas cortaram 4,6 mil vagas e hoje empregam 127,9 mil trabalhadores. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)