Jornal da Manhã
Os carros elétricos e os híbridos estão entrando aos poucos no mercado brasileiro. Uma das questões acerca destes novos tipos de veículo é o impacto que eles causam no meio ambiente. Afinal, eles são mais sustentáveis do que os carros a combustão, aqueles que usam gasolina ou álcool como combustível? O tópico ainda gera discussão.
O professor do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) Paulo Balduíno Neto explica que há trabalhos científicos que apontam para diversas direções.
“Existem estudos indicando que os impactos dos carros elétricos podem ser tanto quanto os dos carros a combustão. Se levarmos em consideração o processo de fabricação deles, da fabricação das baterias e do processo de descarte dessas baterias, os veículos elétricos podem ser até mais poluentes do que os a combustão. Justamente porque as produções dessas baterias envolvem uma série de metais pesados que causam ao meio ambiente impactos muito grandes”, alerta o engenheiro.
Em contrapartida, se considerarmos somente o processo de rodagem dos veículos, os elétricos não emitem nenhum poluente, ao contrário daqueles que usam combustíveis. Assim, o comparativo entre os tipos de veículos deve levar em conta toda a escala de produção.
Pensando na sustentabilidade, algumas empresas já trabalham para sanar as questões em torno dos veículos elétricos. “A vida útil de um carro elétrico também está ligada diretamente à vida útil da bateria. Por isso, há muitas montadoras lançando processo de reciclagem dessas baterias. Hoje, algumas fabricantes dão garantia de, no mínimo, oito anos para esses veículos elétricos e híbridos. No final da vida útil, a intenção é reciclar para tentar reduzir impactos”, explica Paulo Balduino Neto.
Impactos dos carros a combustão
Se nos veículos elétricos há a problemática da bateria, nos veículos a combustão há a emissão de gases poluentes. Os gases são todos resultantes do processo de combustão, que ocorre dentro do cilindro de pistão, que é uma queima de combustível. Dentre desses gases há o CO2 e CO, que é o gás carbônico e o monóxido de carbono, além de nitróxidos, que são os óxidos de nitrogênio, NO2 e NOx.
Paulo Neto conta que o maior vilão, do ponto de vista ambiental, é o dióxido de carbono, o CO2, que impacta diretamente a potencialização do efeito estufa. “Ele é um dos gases que contribuem massivamente para o aumento desse efeito estufa. E o CO, que é o monóxido de carbono, ele é altamente tóxico. Se a gente inalar esse gás, mesmo por pouco tempo, ele pode causar asfixia”, adverte o especialista.
Mercado dos veículos elétricos
As fabricantes apostam cada vez mais nos veículos elétricos, porém eles ainda não são tão acessíveis. No Brasil, os mais baratos giram em torno de R$120 mil. Todavia, a estimativa é que a produção aumente e o preço caia. Além do mais, diversas montadoras estão anunciando o fim dos motores a combustão em seus veículos, apostando nos elétricos e nos híbridos, como é o caso da Toyota.
“É simplesmente uma questão de tempo para que aqui no Brasil e na nossa região esses carros comecem a entrar com mais volume. É normal que atrase mais um pouco do que no resto do mundo, mas acredito que é um caminho sem volta”, analisa o engenheiro mecânico. (Jornal da Manhã/Raiane Duarte)