Mercado de carros elétricos na Europa deve triplicar até 2025

Correio Braziliense

 

Principal grupo de defesa do transporte limpo na Europa, o Transport & Environment (T&E) divulgou estudo sobre o futuro dos carros elétricos (EV, veículos elétricos, na sigla em inglês) na Europa, que confirma a velocidade de crescimento desses veículos.

 

O número de modelos desse tipo de veículo no mercado europeu deve triplicar nos próximos três anos. A conclusão foi feita depois de o T&E analisar quais serão os próximos lançamentos, a partir de dados da IHS Markit.

 

O número de modelos, que no fim do ano passado chegou a 60, deverá alcançar 214 baterias elétricas (BEV), híbridos plug-in (PHEV) e células de combustível (FCEV) em 2021, acelerando para 333 modelos em 2025.

 

Para chegar a esses números, será preciso não apenas tecnologia, mas muito dinheiro. As montadoras estão investindo US$ 163 bilhões em eletrificação.

 

Todas as grandes montadoras europeias, como a Volkswagen, a BMW, a PSA e a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, têm previsão de lançar uma série de veículos elétricos na Europa. Ainda segundo o relatório, até 2025, a Fiat Chrysler e a Ford deverão oferecer novos modelos no continente.

 

“Até recentemente, o mercado de EV estava limitado a um nicho de usuários precoces (ou ‘early adopters’), mas a realidade de amanhã será muito diferente, já que os EVs entram em uma nova fase e se aproximam do mercado de massa”, informa o relatório da T&E.

 

Ainda segundo a previsão de produção de veículos leves da IHS Markit e a análise interna da T&E, a produção de VEs na Europa deverá triplicar entre 2019 e 2025, ultrapassando os 4 milhões de carros e vans. Se os dados se confirmarem, esse volume de produção representaria cerca de 1/5 dos volumes de produção automóvel da UE.

 

O levantamento mostra também que a fabricação de veículos elétricos vai substituir as linhas de produção dos carros movidos a diesel em toda a Europa, com a concentração na Europa Ocidental – Alemanha, França, Espanha e Itália. Já na Europa Central e Oriental, deverão se consolidar como centros de fabricação desses modelos a Eslováquia, a República Tcheca e a Hungria.

 

Apesar de o estudo ser para o mercado europeu, há dúvidas quanto ao futuro do veículo no Reino Unido, por causa do risco de não negociação dos termos do Brexit, o que afetaria o crescimento da produção e das vendas.

 

Para Lucien Mathieu, analista de transporte e e-mobilidade da T&E, parte do estímulo para o crescimento projetado para os carros elétricos vem do fato de a União Europeia ter adotado padrões rígidos de emissão de C02 para veículos. No entanto, é preciso adotar outras mudanças para estimular essa motorização, como alterar a tributação de carros para tornar os elétricos ainda mais atraentes do que as alternativas disponíveis atualmente no mercado.

 

Esse tipo de incentivo será fundamental para os planos de crescimento das montadoras, já que, juntas, elas despejarão bilhões de dólares para continuar a desenvolver o mercado de carros elétricos.

 

“Precisamos enviar um sinal claro à indústria de que não há como voltar atrás e concordar com a eliminação progressiva das vendas de carros a gasolina e a diesel nas cidades, em nível nacional e da UE. A era do motor de combustão está chegando ao fim”, avalia.

 

Apesar de não fazer parte da UE, a Noruega é um exemplo no mercado de veículos elétricos. Em março passado, pela primeira vez, a venda desses modelos superou a de gasolina e diesel juntas. A participação nas vendas quase chegou a 60%, impulsionada por dois fatores principais: a política consistente do governo norueguês de estimular as compras de carros com emissão zero e um número recorde de entregas de Tesla Model 3 naquele mês.

 

Apesar de ser um país pequeno, com uma população de 5,3 milhões de pessoas, a Noruega é considerada um mercado importante para os elétricos, em particular para a Tesla, de Elon Musk, que festejou na sua conta do Twitter o resultado obtido naquele país.

 

No Brasil, por enquanto, há uma frota de cerca de 10,6 mil carros elétricos, vendidos no período que vai de 2012 a 2018. (Correio Braziliense)