AutoIndústria
Estudo da consultoria AlixPartners divulgado nesta-quarta-feira, 26, considera que o Grupo Volkswagen e a FCA, Fiat Chrysler Automobiles, poderão enfrentar multas de, respectivamente, até € 1,83 bilhão e € 746 milhões caso não consigam cumprir os índices de emissões fixados para a Europa a partir de 2021.
A consultoria calculou o valor das penalidades baseada nos níveis de emissões veiculares relatados pelas montadoras no encerramento de 2017. Desde então, considera o estudo, a maioria dos fabricantes de veículos tem conseguido reduzir as emissões de CO2 principalmente por meio da oferta veículos elétricos e híbridos.
A legislação europeia determina que veículos de passeio não poderão emitir mais do que 95 gramas de dióxido de carbono por quilômetro rodado até 2021. Por enquanto, mostra o estudo, Volvo e a Toyota são os únicos fabricantes que não enfrentariam multas e até poderiam vender seus créditos de emissões excedentes a outras montadoras.
A maior multa potencial do Grupo Volkswagen se deve ao fato de o conglomerado alemão deter algo como 24% das vendas no mercado europeu, a maior participação na região. A empresa, contudo, tem dado sinais de que está acelerando a eletrificação nos veículos de suas várias marcas.
De qualquer forma, o cenário para os fabricantes na Europa é de difícil resolução caso não optem por veículos elétricos. Muitos consumidores europeus estão migrando de veículos a diesel para os a gasolina após o episódio do Dieselgate e, segundo projeções da consultoria, as vendas totais devem ficar estagnadas nos próximos três anos, o que dificultará também o fechamento das contas.
Não de agora Carlos Tavares, CEO do Grupo PSA e também presidente da Acea, a Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis, manifesta sua preocupação com a capacidade de os fabricantes atenderem as futuras exigências ambientais. Pior: ele não está nem mesmo convencido de que a eletrificação da frota seja a melhor solução para isso.
Todos os esforços da indústria em torno dos veículos elétricos, afirma, são consequências das decisões e legislações definidas por deputados no Parlamento Europeu e pela China, que quer liderar globalmente o desenvolvimento e produção dessa tecnologia.
Tavares entende que os níveis de redução de emissões exigidos pelos países europeus e políticas públicas específicas de grandes cidades do continente – como a proibição de circulação de carros movidos exclusivamente a combustíveis fósseis a partir de algum momento das próximas décadas -, forçam necessariamente a utilização da eletricidade.
“Há, sim, uma pressão populista, inclusive de representantes de países que não têm indústria automotiva instalada”, afirmou o dirigente em visita ao Brasil, no ano passado.
O executivo questiona até mesmo se haverá energia suficiente para abastecer todos os veículos que as montadoras terão de produzir para atender – e escapar das eventuais multas – os índices médios de eficiência energética propostos. (AutoIndústria)