O Estado de S. Paulo
O Brasil ainda ocupa lugar destacado na indústria mundial, mas perde posições desde 2010, mostra estudo recente da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido). É mais um alerta sobre os efeitos da recessão de 2015/2016 e das dificuldades para a retomada sobre a economia em geral e a indústria em particular. A maior queda ocorreu nos segmentos de maior intensidade tecnológica, indicando falta de investimentos em modernização.
Por tamanho, a indústria brasileira ainda ocupa posição destacada, com peso de 1,83% no valor de transformação industrial (VTI) do mundo, observam analistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), com base nos indicadores da Unido. Em couro e calçados, o País tem o 4.º maior parque industrial do mundo. Ocupa o 5.º lugar em coque e produtos de petróleo refinados, bebidas e alimentos, o 6.º lugar em papéis e produtos de papel e o 7.º em metais básicos e químicos. Está em 8.º lugar em veículos automotores e carrocerias, produtos de madeira e vestuário. Mas houve rápido declínio em relação a 2010, antes da maior recessão da história do País.
A maior queda ocorreu justamente em veículos automotores e carrocerias, do 5.º para o 8.º lugar, com perda do VTI, que foi de 4,9% em 2010 para 2,2% em 2017. Trata-se de um setor cujo comportamento recente tem sido decisivo para evitar um recuo ainda mais expressivo da produção industrial. Outros dois segmentos de alta tecnologia em que o País perdeu posições foram máquinas e equipamentos (de 2,2% do VTI mundial para 1,3%, caindo da 7.ª para a 12.ª posição) e de equipamentos elétricos (de 2,4% para 1,4% do VTI e do 8.º para o 11.º lugar).
Segundo o Iedi, o País fica em pior posição na indústria 4.0, baseada em tecnologias de informação e comunicação nas linhas de produção e conectividade entre sistemas físicos (máquinas, equipamentos e trabalhadores) e digitais (computação em nuvem e inteligência artificial). Cabe investir na modernização para que a indústria local supere a tendência de declínio em relação à indústria global.
Não basta que o parque manufatureiro nacional mantenha competitividade em setores dependentes de recursos naturais, minerais ou agropecuários ou se contente em atender o mercado interno. O teste é crescer no mercado global de bens industriais. (O Estado de S. Paulo)