O Estado de S. Paulo
A Toyota vai fechar 840 vagas nas fábricas de Sorocaba e Porto Feliz, no interior de São Paulo, número maior do que o previsto no mês passado, quando anunciou 340 cortes em razão principalmente da redução das exportações para a Argentina. No grupo estão todos os 740 funcionários contratados por tempo determinado no ano passado para a abertura do terceiro turno na unidade de automóveis e 100 para a unidade de motores. O turno extra será suspenso em ambas e há riscos de novas demissões, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, Leandro Soares.
No mês passado, quando anunciou a redução da produção, a montadora informou que seriam 340 cortes, a maioria de funcionários contratados temporariamente e uma parte de trabalhadores que aderissem a um programa de demissão voluntária (PDV). Esses cortes já ocorreram nesta semana em Sorocaba, dos quais apenas 17 por adesão ao PDV. O fechamento do terceiro turno e os 100 cortes em Porto Feliz, onde são feitos motores não estavam no plano.
Ontem, em reunião com dirigentes sindicais, a Toyota informou que não renovará os contratos dos 400 temporários que ainda restam e que venceriam até setembro. “Fomos pegos de surpresa”, informa Soares. “Além de fechar todo o turno, a empresa também disse que opera com ociosidade, tem estoque elevado – equivalente a 32 dias de vendas – e estuda novas demissões.” A fábrica tinha 2,8 mil trabalhadores antes de começar as demissões.
Em nota, a Toyota do Brasil informa apenas que voltará a trabalhar em dois turnos nas unidades de Sorocaba e Porto Feliz a partir de 05 de agosto de 2019. Diz ainda que os ajustes ocorrem “por conta principalmente da queda das exportações e da variação cambial.
Corte de benefícios
Segundo Soares, no início da próxima semana será realizada uma assembleia com os trabalhadores para discutir ações contra os cortes. “Queremos também uma garantia de que novos veículos serão feitos na fábrica (que hoje produz os modelos Etios e Yaris) para que a empresa volte a crescer e recontrate os demitidos de agora.”
O sindicalista diz que a empresa não tem garantias dos investimentos necessários para receber uma nova plataforma (base) para a produção de novos veículos globais, que estaria sendo disputada também pelas fábricas do México e da Ásia.
Com o terceiro turno, a capacidade produtiva da fábrica de Sorocaba foi ampliada de 108 mil para 160 mil veículos. Neste ano, contudo, a previsão é de produzir 125 mil unidades, mesmo volume de 2018, dos quais 30% seriam exportadas, a maioria para a Argentina, que reduziu pedidos em razão da crise.
Para reduzir custos, a Toyota também propôs corte de benefícios para os trabalhadores das quatro fábricas do grupo, incluindo a de Indaiatuba, onde produz o Corolla, e a São Bernardo do Campo, voltada a componentes. Entre as medidas, segundo Soares, está a suspensão de aumento real de salários até 2021, redução de participação nos lucros e coparticipação dos trabalhadores no plano de saúde. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)