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A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva organizou na última semana o “Simpósio de Eficiência Energética e Emissões”. O mundo está às voltas com um dilema: a demanda de energia crescerá 30% até 2040 e só depois desta década o petróleo dará sinais de recuo. Até lá emissões de CO2 terão de ser reduzidas pelo “Acordo Mundial do Clima”.
Se o cálculo for feito “do poço à roda” (da produção primária ao que sai pelo escapamento dos veículos) a conta fica ainda mais difícil de fechar.
Nos EUA, grande discussão. Todo o ramo do transporte responde por 30% das emissões de gases causadores do efeito estufa. E só o segmento automotivo (dos carros leves aos caminhões) é responsável por 60% desse primeiro total.
Neste momento, segundo agências internacionais como a “Automotive News” e “Reuters”, a administração de Donald Trump calcula os riscos e vantagens em desfazer os padrões de emissão estabelecidos pelo ex-presidente Barack Obama (46,7 milhas por galão até 2026) para 37 mpg. Obama e seu comitê para cumprir a agenda climática traçaram plano para cortar custos de combustível e suas emissões em US$ 1,7 trilhão, com reduções anuais de 5% nas emissões. Isso, porém, pode custar US$ 200 bilhões à indústria do país em 13 anos.
No início do mês, General Motors, Volkswagen e Toyota, além de outras 14 fabricantes, conclamaram a Casa Branca a retomar as negociações com a Califórnia (Estado norte-americano mais avançado no uso de energia alternativa e em restrições a emissões) e realizar um “acordo intermediário” entre os padrões da era Obama e os objetivos de Trump.
Brasil pode ter crédito global
O Brasil está bem nesse cenário graças aos biocombustíveis: etanol (principalmente) e biodiesel. Segundo a Unica (União da Indústria da Cana de Açúcar, consórcio formado por produtores, beneficiadores e empresas dos setores de indústria e energia), o programa do carro flex iniciado em 2003 permitiu a massificação das vendas de motores que se utilizam do etanol, além da gasolina. Com isso, mais de 530 toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas no país.
A meta global de emissões de 91 g/km de CO2 para veículos leves é rigorosa, mas deve ser atendida. Haverá aumento da produção de etanol para 49 bilhões de litros, quase o dobro do nível atual. E com o programa “RenovaBio” poderemos vender créditos de carbono para outros países, em especial europeus.
No mesmo seminário foi apresentada a próxima especificação da gasolina. Entre outras mudanças, finalmente se adotará a octanagem RON, de maior difusão no mundo, e manutenção de 27% de etanol. Dessa forma haverá maior transparência no processo de produção. Além disso, a referência RON é mais significativa para motores modernos, inclusive os que utilizam turbocompressores. (UOL Carros)