Setor automotivo ainda não vê luz no fim do túnel, diz consultoria

InfoMoney

 

Segundo um relatório da seguradora de crédito francesa Coface, a nota de risco do setor automotivo foi rebaixada. Montadoras ainda estão pressionadas pela competição com novos concorrentes no mercado – como as empresas de tecnologia – que tem exigido altos investimentos em inovação de carros elétricos e mais sustentáveis.

 

As montadoras devem, também, cumprir com diversos acordos antipoluição e normas restritivas sobre emissão de CO2, que, aliás, devem se intensificar. E tudo isso reflete no preço final para o consumidor e na oferta de automóveis.

 

É importante ressaltar que os consumidores têm mudado os hábitos de consumo, preferindo compartilhar automóveis ou comprar os modelos menores e mais sustentáveis.

 

De acordo com os dados da Coface, na América do Norte, o risco de crédito das montadoras passou de “médio” para “alto” entre o último trimestre de 2018 e os primeiros dois trimestres de 2019.

 

O Brasil manteve a avaliação de risco no “médio”, mas a Argentina, nosso maior parceiro comercial no setor, passou de risco “alto” para “muito alto”.

 

Essa pior avaliação do setor – e o consequente crescimento do risco – está relacionada com o fato das vendas de carros estarem em queda nas economias desenvolvidas e em algumas emergentes. Isso ocorre devido à queda de interesse do consumidor na atividade e crises internas de alguns mercados.

 

A guerra comercial entre China e Estados Unidos está forçando as montadoras a escolher entre aumentar os preços dos carros importados ou reduzir o lucro, deixando-as em alerta. A depender do avanço da guerra comercial e do protecionismo, as cadeias globais podem ser afetadas.

 

A China, maior mercado do mundo, acaba de registrar seu 11º mês seguido de queda nas vendas de veículos – e foi a maior da história, em 16,4%.

 

Brasil e América Latina

 

Segundo dados da Anfavea (associação das montadoras instaladas no Brasil), houve uma queda de 41,9% nas exportações de veículos para a Argentina no acumulado do primeiro trimestre de 2019, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

 

De acordo com Fredrico Servideo, presidente da Camarbra (Câmara de Comércio Argentino Brasileiro), a retração nas exportações do setor automotivo brasileiro é um reflexo do péssimo cenário econômico da Argentina.

 

Houve uma brusca queda do poder de consumo dos argentinos, que enfrentam um grande índice de desemprego e alta inflação, além de um cenário político instável. No mês de janeiro, a venda de carros leves na Argentina foi 50% menor quando comparada com o mesmo mês de 2018, por exemplo. (InfoMoney)