Frota & Cia
O setor automobilístico foi movimentado pelas negociações de uma possível fusão entre FIAT/Renault. Ricardo Albert Schmitt, Diretor Executivo da StoneCapital Investimentos falou sobre o assunto. Você pode conferir aqui na Frota&cia a opinião do especialista.
A fusão esteve muito próxima de ser concretizada. Apesar da retirada da oferta por parte da FIAT à Renault, vale a reflexão do atual cenário e a movimentação das montadoras.
Enquanto o acordo entre a Fiat e Renault estava em negociação o mercado já estava sob alerta. Ao mesmo tempo, estuda-se também a aliança estratégica da VW com a Ford para desenvolvimento de projetos em conjunto. No Brasil, acompanhamos uma movimentação similar no caso CAOA/Ford.
Este movimento de cooperação tecnológica e de aliança estratégica, é um fenômeno natural em economias em transformação. Especialmente em um segmento que tem diante de si um cenário desafiador: o fim dos motores a combustão e início da era dos motores movidos a energia limpa.
Enquanto a conversão para veículos elétricos ainda é uma novidade acessível para poucos e com obstáculos operacionais importantes a serem enfrentados, voltemos a atenção a indústria de autopeças nacional. Se por um lado no Brasil temos 16 marcas de montadoras para veículos leves (conforme ANFAVEA). E esse número tende a cair, em função das mencionadas alianças, criando grupos ainda mais fortes e com maior capacidade de escala.
Impacto no setor de autopeças
Simultaneamente, o número de empresas do setor de autopeças, tende a continuar caindo por outro motivo. Segmento com atualmente em torno de 3.000 (conforme IBGE). Desde 2007, o setor de autopeças, com raros anos de exceção, tem crescido abaixo da inflação, ou seja, decrescido.
Dessa forma, significa que o setor está enfraquecendo e as empresas, normalmente de pequeno e médio portes, encerrando as atividades ou mudando o foco. O número de pedidos de recuperação judicial impressiona, especialmente após a promulgação da lei 11.101/05.
A fragilidade do setor de autopeças, cuja dependência com montadoras é de 70% aproximadamente, é decorrente de velhos conhecidos da economia brasileira: baixo crescimento e juros altos. Assim, estamos caminhando para um gargalo no mercado. Em suma, montadoras mais poderosas e fornecedores mais fracos, incapazes de acompanhar o ritmo de crescimento tecnológico.
A equação não fecha e os sinais já demonstram aquilo que algumas montadoras incentivam os fornecedores a fazer. O segmento de autopeças precisa se consolidar e fornecedores estrangeiros precisam investir mais no Brasil, principalmente através de aquisições. (Frota & Cia/André Silva)