AutoIndústria
O brutal crescimento dos utilitários esportivos nos últimos anos ainda não foi suficiente para roubar dos hatches pequenos a condição de segmento líder de vendas no Brasil. Com 301,8 mil unidades licenciadas de janeiro a maio, eles responderam por mais de 34% dos emplacamentos, contra 25% dos SUVs.
A participação dos hatches pequenos tem até crescido – no mesmo período de 2018, era inferior a 33%. Mas muito por conta do desempenho dos três líderes: Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Ford Ka. Juntos, tiveram 184,5 mil unidades licenciadas, 61% do total. Só do líder Onix foram negociadas 97,4 mil unidades.
O segmento, contudo, conta ainda com outros nove modelos. Alguns, a julgar pelo desempenho nos primeiros cinco meses do ano, praticamente esquecidos pelos consumidores e até mesmo pelos próprios fabricantes.
É o caso de Peugeot 208, Nissan March, Ford Fiesta e Citroën C3. Todos com menos de 1% de participação. Com exceção do Peugeot, que supera a marca de 500 unidades vendidas mensalmente, os outros três estão na casa das 400 unidades mensais ou menos.
São quantidades que, divididas pelas centenas de revendas de cada uma das marcas, indicam que a procura por eles é quase nula.
As vendas somadas dos quatro no ano chegam a ínfimas 8,6 mil unidades, o mesmo resultado obtido em maio apenas pelo Ford Ka, o terceiro mais vendido do segmento. O de “melhor” desempenho é o Peugeot, com quase 2,6 mil unidades negociadas, seguido pelo Nissan (2,2 mil), pelo Ford (2,1 mil) e por último o Citroën (1,7 mil).
A comparação com o ano passado dá bem a noção das dificuldades enfrentadas agora pelo quarteto: há um ano eles já tinham conquistado no acumulado perto de 19,5 mil licenciamentos. Só o Fiesta, então com seu fim mantido em sigilo, somava 7,5 mil emplacamentos. O March superava a casa das 5,5 mil unidades e o modelo da Peugeot, 3,5 mil. O C3, o último colocado dos quatro, vendera 3,2 mil unidades, mais do que o líder entre eles agora em 2019.
Bom enfatizar: nessa mesma comparação, as vendas de automóveis evoluíram, em média, mais de 11%.
Ao que parece, as próprias montadoras não nutrem grandes expectativas com esses representantes. A Ford, certamente: afinal já anunciou o fim da produção este ano do Fiesta no Brasil. As demais claramente têm apostado nos utilitários esportivos.
Tanto quanto a concorrência, pesa contra os modelos Nissan, Peugeot e Citroën ainda a idade dos projetos e a perspectiva de que uma nova geração não deve tardar. O que, de fato, acontecerá se não neste, mais tardar no ano que vem ou em última hipótese 2021.
O Nissan já está em seu oitavo ano de mercado e, diga-se, nunca exibiu qualquer brilhantismo de vendas. O mesmo pode ser dito do C3, que começou ser fabricado aqui em 2003 e ganhou uma segunda geração, a atual, em 2012. O 208 é o mais novo, mas já tem cinco anos de produção local e já foi totalmente remodelado na Europa. (AutoIndústria/George Guimarães)