Diário do Grande ABC
A crise na Argentina, principal parceira comercial do setor automotivo, vem causando fortes impactos nas montadoras. A Toyota anunciou PDV (Plano de Demissão Voluntária) visando atingir 340 funcionários na planta de Sorocaba, onde, há sete meses, iniciou o terceiro turno. Embora a empresa tenha afirmado que não há impacto na fábrica de São Bernardo, há conversas previstas com o sindicato nos próximos dias.
De acordo com o SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), há reunião agendada com a montadora entre o fim desta semana e o início da outra, porém, não há informações sobre o conteúdo nem se a agenda é motivada pela crise argentina. A Toyota não confirma o encontro.
Segundo a empresa, apesar do PDV da fábrica do Interior, a planta vai continuar operando com três turnos. Se a adesão não chegar aos 340 funcionários, a montadora deve encerrar contratos temporários. Além do efeito argentina, os motivos são o aumento de custos com a alta no dólar (na casa dos R$ 4), e a competitividade no País.
No primeiro quadrimestre deste ano, a marca japonesa teve queda de 18% nas exportações, sendo que a Argentina é seu maior mercado. A unidade de São Bernardo tem 1.400 funcionários e é responsável pela fabricação de peças e motores.
“Nem todas as empresas vão sentir da mesma forma, porque os ciclos são diferentes, mas é importante que todas monitorem o que está acontecendo. É um sinal de alerta e a região que tem seis montadoras está sujeita a esses ajustes”, afirmou o coordenador de MBA em gestão estratégica de empresas da cadeia automotiva da FGV, Antonio Jorge Martins.
Na região, a Volkswagen anunciou férias coletivas dos 1.800 funcionários da produção, entre 24 de junho e 13 de julho, devido à mesma situação e para promover ajustes. “Nesse período, a unidade realizará alterações técnicas significativas em suas linhas de montagem, para a chegada de mais um produto inédito”, informou a empresa.
A Mercedes-Benz afirmou que a queda nas exportações de caminhões e ônibus para a Argentina foi de 92%, passando de 2.700 unidades no primeiro quadrimestre de 2018 para 226 neste ano. Mesmo assim, destaca que busca “equilibrar sua produção de veículos comerciais com a conquista de negócios em outros países e também no mercado interno”, afirmou, ao destacar Peru e Chile. A GM não comentou e as demais não responderam. (Diário do Grande ABC/Yara Ferraz)