O Estado de S. Paulo
Sete meses após abrir o terceiro turno de trabalho na fábrica de Sorocaba (SP), a Toyota anuncia que vai cortar 340 postos de trabalho na unidade que produz os modelos Etios e Yaris. O principal motivo é a queda das exportações para a Argentina, problema que também afeta outras montadoras do País.
O corte equivale a quase metade das 740 vagas criadas para o terceiro turno, em outubro. A Toyota diz que será aberto um programa de demissão voluntária. Se as adesões não atingirem a meta, parte desse pessoal (que tem contrato temporário) será demitida. A fábrica emprega 2,8 mil funcionários. Com o terceiro turno, a capacidade produtiva foi ampliada de 108 mil para 160 mil veículos. Neste ano, até abril, foram produzidas 50 mil unidades, das quais quase 30% foram exportadas, a maioria para a Argentina, que reduziu pedidos em razão da crise.
Para reduzir custos, a Toyota também propôs corte de benefícios para os trabalhadores de Sorocaba e das outras fábricas em São Bernardo do Campo, Indaiatuba e Porto Feliz, todas em São Paulo. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, Leandro Soares, entre as medidas está a suspensão de aumento real de salários até 2021.
Pela proposta, neste ano não haverá repasse da inflação. Em 2020, seria aplicado 50% da inflação e, no ano seguinte, 100%. “Além disso, a empresa quer reduzir participação nos lucros e coparticipação dos trabalhadores no plano de saúde”, diz Soares. “Os trabalhadores entendem a situação da empresa, mas não podem abrir mão de salários e ao mesmo tempo arcar com custos extras”.
O anúncio de cortes ocorre num período em que a Toyota avalia aderir ao programa estadual IncentivAuto para ter direito a desconto de ICMS em novo investimento. Entre as exigências do programa está a criação de ao menos 400 vagas. Também em razão da queda do mercado argentino, a Volkswagen anunciou férias coletivas em São Bernardo e em Taubaté e a Nissan adiou plano de um terceiro turno em Resende (RJ). (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)