O Estado de S. Paulo
A FCA Fiat Chrysler vai investir R$ 500 milhões em uma nova fábrica de motores inéditos que serão produzidos no complexo do grupo em Betim (MG), a partir do último trimestre do próximo ano. Os novos propulsores terão tecnologia turbo flex em versões 1.0 e 1.3 e vão equipar lançamentos do grupo. Em relação aos equipamentos convencionais, são mais eficientes e cerca de 8% mais econômicos.
A nova linha será instalada ao lado do prédio no qual já funciona a fábrica de motores aspirados e vai gerar 1,2 mil empregos, sendo 300 na própria Fiat, que emprega atualmente 16 mil funcionários, e os demais em fornecedores de componentes. A linha terá alto grau de automação e vai operar com máquinas dotadas de inteligência artificial capazes de alertar, por exemplo, sobre eventuais problemas antes que ocorram.
O anúncio foi feito na tarde de ontem na fábrica de Betim pelo presidente mundial da FCA, Mike Manley, em sua primeira visita após assumir o cargo no ano passado, depois da morte do então presidente Sergio Marchionne. Também estavam presentes o presidente do conselho global da empresa, John Elkann e o governador de Minas, Romeu Zema, entre outros.
“Esse investimento faz parte de um plano maior que vai até 2024 e prevê 25 lançamentos (de veículos)”, afirma Manley. Desse total, 15 serão produzidos em Betim, dos quais dois ou três serão utilitário-esportivos (SUV), segmento no qual a Fiat ainda não atua. Hoje, essa categoria é feita apenas pela Jeep na fábrica de Goiana (PE).
O investimento está inserido no plano de R$ 16 bilhões previstos pelo grupo de 2018 a 2024. Quando anunciou o programa, em meados do ano passado, o presidente da FCA para a América Latina, Antonio Filosa, informou que seriam R$ 14 bilhões até 2023, mas, de lá para cá, houve alterações de prazo (um ano a mais) e de valor, com os R$ 500 milhões extra para motores, além da variação cambial.
Do plano total, R$ 8,5 bilhões estão sendo gastos na fábrica de Betim e o restante na de Goiana, onde são produzidos os modelos da Jeep (os SUVs Renegade e Compass) e a picape Fiat Toro. Com 43 anos, a fábrica mineira “só tem as paredes com essa idade, pois todo o restante foi renovado”, diz Manley.
Segundo ele, boa parte dos novos motores turbo será exportada à Europa, que já importa propulsores convencionais feitos no Brasil. Hoje, a FCA produz motores turbo, chamados globalmente de GSE T3 e T4, na China e na Polônia. No Brasil, até o momento, apenas alguns modelos da Volkswagen utilizam esse tipo de motorização.
Contrato
A produção dos motores turbo foi disputada por outros países, segundo Manley. “O potencial crescimento do mercado e, em especial a versatilidade e alta qualificação da mão de obra brasileira foram fatores fundamentais para trazer esse investimento ao Brasil.”
A capacidade da linha brasileira inicialmente será de 100 mil unidades ao ano. Os novos motores vão equipar veículos de maior valor da gama da Fiat e da Jeep. Com isso, a capacidade total de produção de motores e de transmissões do grupo chegará a 1,3 milhão de unidades ao ano.
Segundo Manley, a matriz do grupo já fechou contrato de exportação de 400 mil motores convencionais e turbo para a Europa nos próximos dois anos. “Teremos o maior polo de motores da América Latina”, afirma Filosa.
Manley diz que procura se manter atualizado sobre a situação política a econômica do Brasile que vê com “otimismo o empenho do governo em aprovar reformas estruturais necessárias para a retomado do crescimento e para a melhoria da competitividade do País.”
A partir de junho, a Fiat também volta a vender o Siena preparado para rodar com gás. A produção havia sido suspensa e retorna com apoio do governo do Estado, que dará desconto de IPVA a quem utilizar veículos com esse combustível. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)