Nissan discute novo ciclo de investimentos para América Latina

Auto Esporte

 

“Nossa operação é diferente da global. Temos entregado constantemente”, disse o novo chefe da Nissan para a América Latina, o argentino Guy Rodriguez.

 

Em um primeiro encontro com jornalistas desde que assumiu o cargo, no mês passado, o executivo tratou de descolar a região dos maus resultados obtidos pela montadora japonesa globalmente no ano passado. E afirmou que discute com a matriz um novo ciclo de investimentos.

 

Em meio ao escândalo da prisão de seu ex-comandante, o brasileiro Carlos Ghosn, a Nissan divulgou, há 3 dias, que teve uma queda de 45% no lucro em 2018. E previu uma nova baixa, de 28%, para o atual ano fiscal.

 

“A América Latina é uma das regiões de melhor desempenho da Nissan no mundo”, defendeu Rodriguez ontem, em São Paulo.

 

Crescimento no Brasil

 

O Brasil é o principal mercado no bloco. O executivo, no entanto, não respondeu se a operação local já é lucrativa, afirmando que a empresa não divulga os resultados somente do país.

 

No balanço de 2018, na última segunda (13), a montadora afirmou que em “outros mercados”, incluindo Ásia (sem Japão e China), Oceania, América Latina, Oriente Médio e África, as vendas caíram 0,4% em 2018, para 815 mil unidades.

 

Dessas, 97,5 mil foram comercializadas no Brasil, onde a Nissan teve uma alta de 23% sobre as vendas do ano anterior, de acordo com números da Anfavea, a associação das fabricantes.

 

O SUV compacto Kicks puxou o resultado, com quase metade do total vendido pela japonesa.

 

Com isso, a Nissan se manteve como a décima marca que mais vende no país, e aumentou levemente sua participação no mercado de automóveis e comerciais leves (picapes e furgões) para 3,95%. A líder Chevrolet fechou o ano com 17,5%.

 

Novos investimentos

 

Sobre o novo ciclo de investimentos para a região, Rodriguez afirmou que ele deve começar entre 2023 e 2024 e será definido ainda neste ano. E destacou a expectativa pelas reformas da Previdência e tributária.

 

O executivo disse ainda que a fábrica de Resende (RJ) poderá abrir um terceiro turno em até 2 anos.

 

No momento, ainda há ociosidade na operação em 2 turnos: a capacidade de produção é de 150 mil veículos ao ano, mas 106 mil foram produzidos em 2018. Este foi, no entanto, um recorde para a Nissan no país.

 

Revés na Argentina

 

“A demanda reduzida na Argentina tirou a pressão para o terceiro turno”, explicou. A crise no principal cliente da indústria brasileira derrubou o volume de exportações das montadoras do país no ano passado.

 

Outro revés, especificamente para a empresa japonesa, foi a Mercedes-Benz cancelar os planos para produzir a picape Classe X na fábrica da Nissan na Argentina.

 

O veículo, primeiro do segmento para a marca alemã de luxo, é baseado na Nissan Frontier, assim como acontece com a Renault Alaskan. A francesa, aliada da Nissan, também adiou a produção da Alaskan naquela fábrica.

 

“Causa alguns desafios, mas é entendível. O mercado argentino caiu”, explicou. Rodriguez não considera abrir mão da fábrica de Córdoba: “É essencial”.

 

Para compensar, a Nissan estuda exportar para outras duas regiões: África e Oriente Médio.

 

X-Trail e ePower

 

O presidente-executivo para a América Latina não revelou quais serão os próximos lançamentos da marca no mercado brasileiro. Sobre a chegada do SUV X-Trail, confirmada pelo presidente da Nissan do Brasil, Marco Silva, Rodriguez disse apenas que “não tem por que não acontecer”.

 

Mas destacou que há obstáculos como o carro, que será importado, “beber” apenas gasolina. A versão híbrida, que roda em testes no Brasil, é descartada por conta do custo alto.

 

Uma solução poderia ser o ePower, tecnologia que usa motor a combustão como gerador para o elétrico. Apesar de destacar o recurso, Rodriguez também se esquivou da cobrança por uma data de implementação dele no país.

 

Em julho, a Nissan começa a entregar o Leaf, o carro elétrico mais vendido no mundo e seu primeiro modelo do tipo no Brasil. Ele será importado do Reino Unido. (Auto Esporte)