O Tempo
A Fiat Chrysler Automobiles (FCA) não confirma oficialmente, mas tudo indica que a planta de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, venceu a briga com a China e vai receber a fábrica de novos motores que serão usados em automóveis das marcas Fiat e Jeep.
A montadora confirmou, via assessoria de imprensa, que fará um “investimento importante na planta de Betim”, mas não forneceu mais detalhes. A divulgação vai acontecer na próxima quarta-feira, dia 22 de maio, na planta mineira da Fiat, e contará com a presença do prefeito de Betim, Vittorio Medioli, que estará também, no dia seguinte, em Goiana, Pernambuco, onde a empresa mantém a fábrica da Jeep. “Todo investimento na planta de Betim é extremamente importante para recuperar parte da produção perdida”, afirmou o prefeito.
Em fevereiro deste ano, o presidente da Fiat para a América Latina, Antonio Filosa, chegou a afirmar à reportagem de O TEMPO que a chance era de 49% de a nova unidade de fabricação de motores vir para Betim. O maior concorrente era a China por questões de competitividade, principalmente custos com mão de obra e fornecedores.
Na época, Filosa ainda afirmou que a fábrica produziria cinco tipos de novos motores e, depois de definido o local, seriam 18 meses para começar a entrega das novas peças. No ano passado, a Fiat já havia indicado que traria investimentos para Betim. Dos R$ 14 bilhões destinados pela FCA para a América Latina até 2023 – para desenvolver entre 15 e 20 novos modelos e produtos – R$ 8 bilhões ficarão no município mineiro. A expectativa é que a planta abra, nos próximos cinco anos, 8.000 novos postos de trabalho.
Motores
Nesta nova unidade fabril da Fiat, deverão ser produzidos os motores que substituirão os atuais 1.8, 2.0 e 2.4, que equipam, respectivamente, o Jeep Renegade, o SUV Compass e a picape Toro. A nova linha será de motores com turbo, de três e quatro cilindros. Atualmente, os dois últimos motores são importados. Com a nacionalização, o custo final do produto poderá ficar mais competitivo. Esses propulsores são aspirados e darão lugar aos modernos blocos de três cilindros e turbinados. De Betim sairá o 1.0, turbo, de três cilindros e o mais potente, 1.3, também turbo, mas com quatro cilindros. A Fiat também deverá investir na tecnologia que controla a admissão de ar do motor, chamada pela empresa de MultiAir.
Melhor consumo energético
A decisão da Fiat de fabricar novos modelos de motores no Brasil pode estar relacionada ao programa Rota 2030, criado no ano passado pelo então presidente da República, Michel Temer. O programa oferece benefícios fiscais, que chegam a dois pontos percentuais no IPI, para as montadoras que apresentarem melhorias no consumo energético de seus produtos.
Com o Rota 2030, as montadoras também poderão abater de 10,2% a 12% do valor do Imposto de Renda e do CSLL do que investirem em pesquisa e desenvolvimento. “É um bom começo. Temos que desenvolver outros mecanismos de atração de investimentos, mas é importante o que foi aprovado”, disse o presidente da Fiat para América Latina, Antonio Filosa, em entrevista a O TEMPO no ano passado, sobre o Rota 2030. Na mesma oportunidade, Filosa afirmou que o programa federal foi “uma premissa” para os investimentos da empresa no país.
A necessidade de adequação ao Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que exige a redução de emissões de gases poluentes e de ruídos para veículos novos, também pode ter influenciado a empresa a escolher a nacionalização dos motores.
Indústria 4.0
Investimentos. Além da fabricação de motores, a Fiat está investindo em novas tecnologias, com projetos de inteligência artificial, reconhecimento facial e projetos de sustentabilidade. (O Tempo/Ludmila Pizarro e Raimundo Couto)