Locadoras disputam setor de seminovos

O Estado de S. Paulo

 

Não há dados separados sobre a participação das locadoras nas vendas com nota fiscal diretamente das montadoras, mas, segundo executivos de montadoras elas são, sem dúvida, as maiores clientes do setor.

 

Na opinião de Paulo Cardamone, da Bright Consulting, as locadoras têm grande poder de barganha de preços justamente em razão do alto volume de carros que adquirem anualmente. Além disso, segundo executivos automotivos, conseguem financiamentos a juros mais baixos nos bancos – entre 8% a 10% ao ano, enquanto o consumidor pessoa física paga cerca de 22%.

 

Concorrência

 

Com lojas para revender os modelos usados, as locadoras também são fortes concorrentes das concessionárias pois, normalmente, revendem os veículos após um ano de uso também com descontos atraentes.

 

A Localiza, maior locadora do País, vendeu no primeiro trimestre 36,6 mil veículos seminovos, 45% a mais ante igual período do ano passado. O número de lojas com a marca subiu de 99 há um ano para 108.

 

Segundo balanço financeiro divulgado pela empresa na quinta-feira, a frota alugada passou de 90,9 mil carros nos três meses do ano passado para 114,8 mil, alta de 26,2%.

 

Para todos os serviços em que atua, incluindo gestão de frota e locação para quem trabalha com apps, como Uber e 99, a Localiza dispõe hoje de frota de 247,6 mil veículos, 54,3 mil a mais do que tinha há um ano. A empresa não divulga quantos modelos novos pretende adquirir ao longo de 2019.

 

O presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção, diz não ser contra esse canal de vendas, mas sim contra o procedimento das empresas. “O ruim é quando há desequilíbrio, um valor excessivo de descontos”.

 

Ele defende que os descontos dados pelas montadoras não sejam superiores aos determinados em lei para as categorias que têm direito à isenção de impostos por lei. “Estamos fazendo um trabalho forte com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para que haja um equilíbrio, seja quem for o comprador”, afirma Assumpção. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)