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A agenda da indústria automotiva brasileira prevê para os próximos anos investimentos e parcerias para enfrentar os desafios dos novos modelos de negócios que se apresentam no setor globalmente. Porém, montadoras ainda esperam do governo condições para ganhar competitividade.
“Enfrentamos grandes barreiras, como o alto desemprego e a capacidade ociosa da indústria. Vamos buscar mais competitividade e uma melhora do ambiente de negócios, que seja mais favorável para buscar investimentos”, declarou o novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, em coletiva de posse da gestão 2019-2022.
O dirigente destacou a necessidade de reformas para retomar o crescimento mais robusto da economia e preparar o Brasil para um momento de maior abertura comercial. “A reforma da Previdência é urgente. Em seguida, é necessária a Tributária, começando pela simplificação. É preciso reduzir o custo Brasil no comércio exterior. A abertura de mercado só será possível com avanço da competitividade”.
Moraes citou como exemplo de gargalos os créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) obtidos pelas montadoras nas exportações, retidos pelos governos estaduais. “Quanto mais exportamos, mais somos punidos por esses créditos retidos. Isso inclusive prejudica as montadoras para receber novos investimentos das matrizes”, esclarece.
De acordo com o dirigente, não há qualquer cronograma estabelecido para a devolução desses créditos. “Vamos conversar e construir juntos com os governos um programa de restituição. Sabemos que eles herdaram essa dívida e a situação financeira da maioria dos estados não é fácil”.
Moraes avalia que o setor irá passar por grandes transformações nos próximos anos. “Vamos ver grandes mudanças de tecnologias, combustíveis e mobilidade. Serão necessários novos modelos de negócios, não seremos apenas montadoras, mas fornecedores de soluções e serviços”.
Ele entende que esse ambiente já está exigindo parcerias entre as empresas. “Esse novo cenário vai demandar investimentos de grandes proporções que as empresas não serão capazes de fazer sozinhas. Por isso, parcerias e fusões já estão acontecendo”.
Governo
O presidente da Anfavea afirmou que o setor tem mantido um diálogo tranquilo com a equipe econômica do governo Jair Bolsonaro. “Já tivemos conversas com os ministérios da Economia e da Infraestrutura. Entendemos que a direção que o governo aponta, de melhoria de eficiência e redução de custos, é a correta”.
Moraes elogiou a atuação do governo para atender às demandas de caminhoneiros e evitar uma nova greve. “É uma classe que sofreu muito nos últimos anos e merece um atendimento. É preciso ter equilíbrio nas decisões e o governo tem trabalhado para impedir uma greve.” Na semana passada, a equipe de Bolsonaro anunciou linha de crédito para caminhoneiros autônomos para compra de pneus e manutenção de veículos.
Na última segunda-feira (22), a Confederação Nacional de Transporte Autônomo (CNTA) e o ministério da Infraestrutura fecharam acordo sobre a variação da tabela do frete com base nas oscilações do preço do diesel. Com isso, a categoria desistiu do plano de iniciar uma greve em 29 de abril. (DCI/Ricardo Casarin)