O Tempo
A Mercedes-Benz está preparando a transferência da montagem do caminhão Actros da unidade de Juiz de Fora, na Zona da Mata, para a fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo. A mudança já havia sido anunciada como parte do plano estratégico da empresa. A novidade, que alarma trabalhadores, é que a montadora também pretende levar o desembaraço da Sprinter do porto seco da cidade para Vitória, no Espírito Santo. Por meio de nota, a Mercedes-Benz confirma que a medida está sendo analisada. E a Prefeitura de Juiz de Fora até já apresentou ao governo de Minas um plano para segurar a montadora.
Atualmente, as vans vêm da Argentina, são alfandegadas no Rio de Janeiro, nacionalizadas em Juiz de Fora e transferidas para Belo Horizonte. O problema, porém, é o tempo que o processo tem levado, devido à burocracia. “A prefeitura, junto com a operadora logística Multiterminais – que inclusive é a mesma do porto do Rio de Janeiro – apresentou ao governo de Minas um projeto para que as vans sejam alfandegadas diretamente em Juiz de Fora, e não mais no porto do Rio de Janeiro. Pedimos que o governo apresentasse a proposta à Mercedes, mas ainda não obtivemos resposta. O projeto vai reduzir o tempo na importação da Sprinter, e esperamos que possa atender as demandas da Mercedes para manter a operação”, explica o secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura de Juiz de Fora, Rômulo Veiga.
Segundo ele, o tema foi tratado entre executivos da empresa e representantes do governo, inclusive com a presença do governador Romeu Zema, na semana passada. Uma fonte do ramo automobilístico, que pediu para não ser identificada, contou que as dívidas do Estado com a montadora têm influenciado a decisão da Mercedes de sair de Juiz de Fora.
O governo não teria quitado uma encomenda de cerca de 300 micro-ônibus, no valor de R$ 80 milhões. A empresa também estaria aguardando receber R$ 180 milhões de créditos tributários.
As dificuldades que a falta de repasse de créditos tributários trazem para todas as montadoras no Brasil foram citadas, na última terça-feira, pelo presidente da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Gomes de Moraes, que é diretor de comunicação e relações institucionais da Mercedes no Brasil.
A Mercedes não comentou essas questões. Mas, por meio de nota, destacou que “em nenhum momento informou que deixaria de produzir em Juiz de Fora”. Disse ainda que todos os investimentos da companhia têm contemplado a cidade. Em nota enviada à reportagem, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedects) do Estado informou que “mantém contato com a direção da Mercedes-Benz para que não haja redução ou paralisação nas operações da fábrica”. (O Tempo/Queila Ariadne)