Para operadora de corredor no ABC, trólebus têm futuro e devem estar entre as opções de investimentos

Diário do Transporte

 

No dia em que o trólebus completa 70 anos no Brasil, a segunda maior operadora deste tipo de veículo do País, Metra Transportes, saiu em defesa do modal e diz que os ônibus elétricos conectados à rede área de energia estão ainda entre as melhores soluções para aliar redução de emissões de poluentes com baixo custo de implantação e operação.

 

Em nota, a proprietária da empresa, que opera o corredor que liga parte do ABC às zona leste e sul da capital paulista, Maria Betriz Setti Braga, diz que o domínio da tecnologia pelo Brasil é uma das razões da viabilidade econômica e operacional dos trólebus.

 

“Para nós da Metra, o trólebus é um veículo ambientalmente correto e tem papel fundamental para alcançar as metas de redução da poluição por ser uma tecnologia amplamente conhecida e de baixo custo em comparação com outras alternativas, como ônibus elétricos com bateria, a hidrogênio ou mesmo a gás”, explicou na nota à imprensa especializada nesta segunda-feira, 22 de abril de 2019.

 

A opinião da empresária, que pela companhia Eletra Industrial também fabrica os sistemas de integração eletrônica dos veículos, segue a mesma linha de especialistas ouvidos na reportagem especial do Diário do Transporte sobre os 70 anos dos trólebus no Brasil: houve evoluções tecnológicas que, com bancos de bateria, dão autonomia aos coletivos para operarem por alguns quilômetros sem estarem conectados à fiação aérea, e que minimizam as quedas das alavancas.

 

A Metra possui pouco mais de 90 trólebus, ficando atrás da Ambiental Transportes na capital paulista (que vai integrar o consórcio TransVida após a assinatura dos contratos da licitação), com 200 trólebus ligando a zona Leste ao Centro. A licitação não previu ampliação da rede de trólebus em São Paulo, apesar das metas de redução de poluição previstas em lei municipal e nos editais, mas estipula que toda a rede atual seja melhor aproveitada, o que deve possibilitar a compra de 50 novas unidades.

 

Além da Metra e da Ambiental, apenas mais uma empresa opera trólebus atualmente no Brasil, a Viação Piracicabana, em Santos, na 20, que liga a praça Mauá, no Centro, à praça da Independência, no Gonzaga. São seis veículos que não pertencem à empresa. Os trólebus fazem parte do patrimônio público e os seis não operam concomitantemente.

 

Na nota, a empresa ainda diz que conseguiu poupar a região por onde passa o corredor de 21 mil toneladas de gás carbônico em 22 meses de operação, entre janeiro de 2017 e outubro de 2018 pela operação dos trólebus.

 

Os 96 trólebus da Metra que operam no Corredor ABD colaboram significativamente para a preservação ambiental e melhora da qualidade do ar e do bem-estar da Grande São Paulo, segundo dados da EMTU. O levantamento refere-se ao período entre janeiro de 2017 e outubro do ano passado e levam em conta o ano de fabricação dos veículos em comparação com os ônibus movidos a diesel do mesmo tamanho.

 

Além da redução na emissão de dióxido de carbono, os trólebus da Metra colaboram com a redução de outros poluentes prejudiciais à saúde, como 104 toneladas de (NOx), óxido de nitrogênio relacionado inclusive a casos de câncer e de 1,7 tonelada de materiais particulados, tipo de poluente que pode entrar facilmente na corrente sanguínea, além de poupar 8,1 milhões de litros no consumo de óleo diesel.

 

O trecho eletrificado do corredor tem extensão total de 33 quilômetros, entre os bairros de São Mateus, no extremo leste da capital paulista, e Jabaquara, na zona sul, atravessando quatro municípios do ABC: Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Segundo a Metra, o Corredor ABD, é classificado como o modo de transporte mais satisfatório na Região Metropolitana de São Paulo, com aprovação de 86,7% dos passageiros. O sistema atende mais de 300 mil passageiros por dia, tem velocidade média operacional de 21 km /h e o intervalo médio considerando todas as partidas nos dias de semana é de três minutos, ainda de acordo com a Metra. (Diário do Transporte/Adamo Bazani)