Com híbrido feito no Brasil, Toyota quer criar mercado de carros limpos

O Estado de S. Paulo

 

Com uma tecnologia inovadora que permite o uso de etanol em carros híbridos para gerar a energia do motor elétrico, a Toyota pretende desenvolver no Brasil o mercado de veículos menos poluentes que já ganha corpo principalmente na Europa, nos Estados Unidos e na China.

 

A montadora iniciará em outubro a produção local do sedã Corolla híbrido, o primeiro modelo no mundo com esse tipo de tecnologia combinada com o motor flex, que pode ser abastecido com gasolina ou etanol.

 

“Acredito que esse seja o primeiro passo para facilitar a introdução dessa tecnologia no País e, futuramente, caminharmos para os modelos elétricos”, disse Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil.

 

No ano passado foram vendidos apenas 3.970 veículos híbridos e elétricos no Brasil, todos importados (entre eles o Toyota Prius, que custa R$ 125,6 mil), mas só podem ser abastecidos com gasolina.

 

A tecnologia ainda é cara e só com maior escala poderá ter os custos reduzidos, diz Chang. O motor do Corolla híbrido, por exemplo, terá inicialmente todos as peças importadas e apenas será montado na fábrica do grupo em Porto Feliz (SP).

 

O carro será produzido na unidade de Indaiatuba, também em São Paulo, e chegará ao mercado no fim do ano, mas a empresa ainda não divulga preços. “Os concorrentes vão ter de acelerar (seus projetos)”, afirmou o governador João Doria (PSDB). Em sua 12.ª geração, o novo Corolla terá também versões só flex, como as atuais.

 

A confirmação da produção local do Corolla híbrido flex foi feita ontem em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, com as presenças do secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, do vice-governador Rodrigo Garcia e do secretário adjunto de Produtividade, Emprego e Competitividade no Ministério da Economia, Igor Calvet, entre outros.

 

Chang informou que, ao todo, estão sendo investidos R$ 1,6 bilhão nas fábricas de Indaiatuba e Porto Feliz e que serão gerados 900 empregos. O montante inclui R$ 600 milhões anunciados no fim de 2016 para a produção, a partir do segundo semestre, dos motores do Corolla – antes importados –, e R$ 1 bilhão para Indaiatuba anunciado em setembro para ser concluído até março de 2020.

 

Como a aplicação do aporte ainda está em andamento, a Toyota espera usufruir do IncentivAuto, programa do governo paulista que concede desconto de até 25% no ICMS para novos investimentos do setor automotivo. O decreto com detalhes do programa deverá ser publicado na próxima semana.

 

Ford

 

Doria afirmou, contudo, que a Toyota será sim beneficiada pelo IncentivAuto e, “em breve ela anunciará novos investimentos no Estado”. Também disse que nos próximos dias divulgará o nome da empresa que vai comprar a fábrica da Ford, no ABC paulista, e que também poderá usufruir do incentivo.

 

O primeiro carro com tecnologia híbrida flex começará a ser exportado no início de 2020 para a Argentina, mas o grupo já negocia com outros mercados da região. “Será o automóvel movido a etanol mais eficiente do Brasil e o híbrido mais limpo do mundo”, disse Chang.

 

O motor flex vai gerar a energia para a bateria. Segundo Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota, o carro vai rodar em média 50% a 60% com eletricidade. Ele disse que a nova tecnologia terá efeitos não só na cadeia automotiva, mas também na cadeia sucroalcooleira. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)