O Estado de S. Paulo
Trabalhadores da Mercedes-Benz em Juiz de Fora (MG) cruzaram os braços e paralisaram a produção ontem. À tarde, eles foram para a Câmara Municipal para participar de uma audiência pública convocada por vereadores locais para discutir a situação da unidade que, segundo os políticos, estaria sob risco de fechar as portas.
O encontro na Câmara foi organizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais após informações de que a Mercedes estaria estudando transferir a operação para outro Estado. A medida deixaria desempregados mais de 1,1 mil trabalhadores. “Resguardar empregos e a produção na cidade é muito importante”, disse Antônio Almas, prefeito de Juiz de Fora.
O diretor de comunicação da Mercedes, Luis Carlos de Morais, participou da audiência e negou o fechamento. “Nós investimos R$ 700 milhões em Juiz de Fora e tivemos a maior crise econômica da história deste País”, justificou. Ele disse que a indústria de caminhões trabalha com ociosidade de 60% e citou as dificuldades de se produzir no Brasil. “Não é fácil, com tantos problemas, chegar na Alemanha e falar que queremos mais investimentos.”
Marco Antônio Jesus, presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos de Minas Gerais, cobrou mais exatidão da montadora e disse que a continuidade da produção das cabinas de caminhão na cidade segue sendo uma dúvida. Ele afirmou que a empresa foi beneficiada com investimentos do governo estadual 20 anos atrás, quando abriu a fábrica em Juiz de Fora. “Então a empresa precisa ter responsabilidade social com os trabalhadores”.
Ajustes
Em nota, a direção da Mercedes-Benz disse que “em nenhum momento informou que deixaria de produzir em Juiz de Fora”, pois a unidade tem importância estratégica para o grupo. A unidade produz cabines para os caminhões feitos na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Sem dar detalhes, a empresa admitiu, contudo, que há necessidade de ajustes, “tanto na produção como nos processos logísticos”, para tornar a empresa mais eficiente e competitiva no mercado. Informou ainda que, dos R$ 2,4 bilhões de investimentos planejados para 2018 a 2022, também há um aporte para a planta mineira.
A companhia lamentou a paralisação dos funcionários e argumentou que o mercado está retomando suas demandas. “Estamos em um período em que o mercado de caminhões está retomando suas demandas e, com a paralisação, estamos deixando de produzir nossas cabinas de caminhões para atender nossos clientes”.
No primeiro trimestre a Mercedes vendeu 6.646 caminhões, alta de 61,7% em relação ao mesmo período de 2018. (O Estado de S. Paulo/Rene Moreira)