O Estado de S. Paulo
Depois de anunciar o aumento do preço do diesel na tarde de ontem, a Petrobras voltou atrás e informou que manterá “por mais alguns dias” o preço praticado desde 26 de março, quando mudou sua política de reajustes.
No mês passado, diante do risco de nova greve dos caminhoneiros, a estatal anunciou que os preços do diesel nas refinarias, que correspondem a cerca de 54% do total pago pelo consumidor, passariam a ser reajustados “por períodos não inferiores a 15 dias”. Anteriormente, a empresa adotava uma política de mantê-los estáveis por curtos período de tempo de até sete dias. No início do ano passado, a companhia chegou a reajustar diariamente o combustível, o que culminou na paralisação dos caminhoneiros em maio.
Ontem, exatos 15 dias úteis depois do anúncio, a Petrobrás anunciou reajuste de 5,7%. A partir de hoje, o litro do diesel passaria de R$ 2,1432 para R$ 2,2662. Mas depois do fechamento do mercado, a petrolífera divulgou nota afirmando que “em consonância com sua estratégia para os reajustes dos preços do diesel e avaliou ao longo do dia, com o fechamento do mercado, que há margem para espaçar mais alguns dias o reajuste no diesel”.
A petrolífera afirmou ainda que manterá o alinhamento com o Preço de Paridade Internacional (PPI). A nota não dá outras informações sobre os motivos que levaram a companhia a fazer o adiamento do reajuste. Em conformidade com o texto, a empresa não alterou o preço do combustível na tabela que mantém em seu site.
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A alta anunciada ontem seria a maior desde que os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da petroleira, Roberto Castello Branco, assumiram os cargos. Até então, o maior reajuste havia sido de 3,5%, registrado em 23 de fevereiro. Com exceção desses dois casos, os preços variaram em intervalos de 1% a 2,5%.
Se o reajuste fosse confirmado, em um único dia (hoje) o valor do litro do combustível iria variar mais do que em todo o mês de fevereiro (5%), quando sel, revisitou sua posição de R$ 2,0198 para R$ 2,1224, e março (1%), quando foi de R$ 2,1224 para R$ 2,1432.
Apenas em janeiro a variação foi maior, de 8,9%, de R$ 1,8545 para R$ 2,0198. Os valores, que representam uma média do que é cobrado nos pontos de entrega de todo País, foram obtidos no site da companhia.
Nos postos, o diesel ficou levemente mais barato no período em que a Petrobrás manteve o preço congelado nas refinarias.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro passou de R$ 3,554, na semana do anúncio do congelamento, para R$ 3,549, nos primeiros dias de abril, até o dia 6. O levantamento desta semana, de 8 a 12 de abril, ainda está sendo feito. Nas duas semanas de congelamento na refinaria, a queda foi de 0,14%. Todas as regiões apresentaram pequena queda de preços, com destaque para o Sudeste e o Estado de São Paulo, onde o litro passou de R$ 3,442 para R$ 3,431, queda de 0,3%.
Ainda antes de a Petrobrás anunciar a suspensão do reajuste, a reportagem perguntou à petroleira se os reajustes passariam a ser feitos exatamente a cada 15 dias úteis. A empresa respondeu que esse é o prazo mínimo e que não há nenhuma garantia de que os próximos reajustes acontecerão no mesmo intervalo de tempo adotado no primeiro reajuste.
Com os preços do petróleo em queda, as ações ordinárias da empresa fecharam ontem o pregão da B3 com perdas de 1,30%, e as preferenciais, com recuo de 2,71%. (O Estado de S. Paulo/Fernanda Nunes e Fábio Grellet)