Setor de veículos cresce apesar da exportação fraca

O Estado de S. Paulo

 

A queda das exportações de veículos, de 66,3 mil para 40,5 mil unidades entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2019 (-38,9%), não impediu a forte recuperação da produção de autoveículos no mês passado. Esta atingiu 257,2 mil unidades, 29,9% superior à de janeiro de 2019 e 20,5% maior que a de fevereiro de 2018. Foi o melhor fevereiro para a produção desde 2014, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

 

Os bons resultados do setor de veículos deverão favorecer a indústria de transformação, que continua em dificuldades para se recuperar. O ritmo de crescimento da área de veículos em fevereiro não deverá se repetir ao longo do ano, mas os indicadores de médio e longo prazos são favoráveis. Entre os primeiros bimestres de 2018 e de 2019, a produção passou de 432,2 mil para 455,3 mil veículos (+5,3%) e, nos últimos 12 meses, até o mês passado, atingiu 2,9 milhões de unidades, 4,1% mais do que nos 12 meses anteriores.

 

A fabricação de veículos exigiu mais mão de obra: entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2019 foram abertas 546 vagas pelas montadoras, elevando o emprego direto no setor de 130.421 para 130.967 pessoas (+0,4%).

 

O bom comportamento da produção e das vendas no mês passado ocorre numa fase de ajustes do setor. Não só a Ford anunciou o fechamento de uma unidade fabril em São Bernardo do Campo, como a General Motors reviu contratos de trabalho, que passaram a ser menos generosos com o pessoal. A Honda iniciou no mês passado a produção de veículos na fábrica de Itirapina, mas reduzirá a fabricação de autos em Sumaré.

 

A queda das exportações, em sua quase totalidade em razão da crise econômica argentina, impacta negativamente o setor. Ainda maior do que o recuo das exportações de autoveículos, diminuíram em mais de 70%, entre os primeiros bimestres de 2018 e de 2019, as vendas ao exterior de caminhões, principalmente semileves, semipesados e pesados. Também caíram as exportações de ônibus.

 

As montadoras operam com ociosidade da ordem de 50%. Trata-se de um limitador quando se pretende atrair investimentos. O leve aumento da demanda interna por veículos mais baratos, com motores de até mil cilindradas (1.0), é sinal de que o consumidor final também está pressionado. (O Estado de S. Paulo)