O Estado de S. Paulo/Reuters
A fabricante de carros elétricos Tesla revelou na quinta-feira, 15, um novo modelo no mercado: o Model Y, um utilitário esportivo. Com duas versões diferentes, o veículo custará entre US$ 39 mil e US$ 47 mil, com autonomia de 380 a 500 km em apenas uma carga completa. Os automóveis devem chegar ao mercado a partir de 2020, bem a tempo de competir com versões elétricas da mesma categoria, fabricadas por tradicionais montadoras europeias como Audi, Mercedes-Benz e BMW.
A primeira versão que chegará ao mercado será a com autonomia maior, no final de 2020. Já a versão mais simples deve chegar em 2021, por US$ 39 mil. Uma configuração diferente, que permite ao veículo levar até sete pessoas, poderá ser adicionada por mais US$ 3 mil. Usuários já podem fazer a pré-venda do veículo para o modelo mais caro – para reservar uma unidade, é preciso fazer um depósito reembolsável de US$ 2,5 mil.
Revelado em um evento em Hawthorne, sede da Tesla próxima a Los Angeles, na Califórnia, o Model Y é a expectativa da fabricante de continuar a massificar sua produção e baratear o custo de produção dos veículos elétricos. No evento, Elon Musk disse que, no espaço de um ano, a Tesla terá atingido a marca de 1 milhão de veículos fabricados, embora o executivo não tenha especificado a participação de cada um dos outros quatro modelos lançados pela fabricante nessa expectativa – os Model 3, S e X e o esportivo Roadster.
Hoje, a categoria de utilitários esportivos compactos é a que mais cresce nos EUA e na China, dois mercados em que a Tesla pretende ter bastante espaço – a empresa de Elon Musk está construindo uma fábrica gigante no país asiático, a fim de atender à demanda local.
Ações. O lançamento do Model Y, no entanto, não animou o mercado: as ações da Tesla caíram 5% no mercado na bolsa de valores Nasdaq nesta sexta-feira, 15. Para os investidores, há temores de que a empresa esteja “distraindo o mercado”, sem resolver seus problemas de produção – ao longo de 2018, a Tesla por diversas vezes teve problemas para conseguir atingir as metas de entregas do Model 3. É um movimento que levou as ações da empresa a terem queda de 24% desde agosto passado, pico histórico de valorização da fabricante.
“Lançar um novo modelo parece uma tática para distrair o mercado sem cuidar dos problemas com carros e lucratividade”, disse o analista Frank Schwope, da NORD/LB, à agência de notícias Reuters. Além disso, diversos analistas de Wall Street comentaram que a empresa tem visto redução da demanda pelo Model 3, depois que a Tesla aumentou o preço do sedã, devido a uma redução nas políticas de incentivo fiscal para carros elétricos dos Estados Unidos.
“Acreditamos que o modelo de negócios da Tesla para lucratividade, com um veículo elétrico de US$ 35 mil, está se tornando difícil de ser alcançado”, disse a consultoria Moody’s, em um relatório recente. O lançamento do Model Y deve piorar esse cenário, uma vez que a empresa deve precisar de financiamento para viabilizar sua produção. Além disso, o lançamento do veículo já está atrasado: os fornecedores de peças para o carro já tinham sido avisados que a produção começaria em novembro deste ano, disseram fontes à agência de notícias Reuters em 2018. A produção, no entanto, vai começar apenas no ano que vem. (O Estado de S. Paulo/Reuters)