DCI
Com a perspectiva de manutenção dos níveis de informalidade do emprego no curto e médio prazo, os aplicativos de transporte individual devem continuar ganhando relevância no negócio das locadoras de automóveis. O setor também espera recuperação da demanda no corporativo.
“O segmento de motoristas de aplicativo faz parte de uma transformação que o mercado de aluguel de carros está passando. Nos ajuda e estimula potenciais clientes a abrirem mão da posse do automóvel”, afirmou ao DCI o diretor financeiro (CFO) da Movida, Edmar Lopes.
A empresa reportou lucro líquido de R$ 159,8 milhões no exercício de 2018, aumento de 143,2% em relação a 2017. “Tivemos um lucro 2,5 vezes maior do que no ano anterior, é um avanço relevante”, destaca o executivo.
Em 2018, a Movida investiu mais de R$ 1 bilhão, incluindo a aquisição de cerca de 56 mil carros. “Todos os anos, renovamos a nossa frota de olho no crescimento da empresa”, explica Lopes. Ele conta que, considerando o número de veículos vendidos, a companhia aumentou sua frota em quase 20 mil carros.
Na semana passada, a Localiza divulgou resultado anual, com lucro líquido de R$ 659,2 milhões. Em novembro, a empresa criou um canal de atendimento exclusivo para motoristas de aplicativos.
“Ainda é muito recente, mas temos visto resultados promissores. É um segmento que tem potencial grande de crescimento”, declarou em teleconferência o diretor financeiro (CFO) da Localiza, Maurício Teixeira, na semana passada.
Na visão de analistas, o avanço do segmento de aplicativos de transporte está diretamente relacionado ao momento econômico do País. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado também nesta quarta-feira mostra que a taxa de desemprego voltou a subir e ficou em 12% no trimestre móvel fechado em janeiro, acima dos 11,7% registrados no período encerrado em outubro. Já a categoria dos trabalhadores por conta própria cresceu 1,2% na comparação com o trimestre anterior (23,9 milhões de pessoas), o que significa um aumento de 291 mil pessoas neste contingente. “A maior parte dos empregos gerados no Brasil nos últimos meses é informal”, destaca o coordenador do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Ricardo Balistiero.
Ele aponta que a economia do País ainda não conseguiu dar uma resposta na geração de empregos e que não há perspectiva de avanço nesse sentido no curto prazo. “Em uma crise, o emprego é o primeiro a sentir e, na retomada, o último a reagir. Mesmo que passe a reforma da Previdência, o impacto imediato é estancar o déficit. Nada indica que teremos um nível abaixo de 10% nesse ano”.
Demais áreas
Lopes assinala que, apesar da expansão do segmento de aplicativos para motoristas, o foco da Movida continua sendo a pessoa física. “Os aplicativos fazem parte desse crescimento do setor, mas procuramos crescer nos canais onde há maior rentabilidade. Nosso foco é a pessoa física, especialmente na alta temporada”.
O executivo também espera que, diante de um ambiente econômico mais favorável, possa haver uma recuperação da categoria corporativa. “Foi uma área que sofreu bastante durante a crise. Mas já estamos vendo bons resultados no início deste ano”.
A Movida também pretende evoluir na oferta de bicicletas elétricas e patinetes de três rodas (trikkes). “Estamos investindo em tecnologia voltada para a micromobilidade. Não será nosso principal negócio, mas é um importante complemento”, aponta Lopes. (DCI/Ricardo Casarin)