A verdade sobre o lucro das montadoras

Jornal do Carro

 

O imposto sobre veículos nos Estados Unidos é de 7%. Na Europa, 14%. No Brasil, pouco mais de 42%. Seis vezes o imposto pago pelos norte-americanos. É disso a culpa pelo alto valor cobrado pelos carros brasileiros, não das margens de lucro.

 

Claro, há lucro. Não para todas, já que algumas montadoras investiram em nichos ou modelos que não deram certo e estão no vermelho sem data para sair. Mas vamos pegar o exemplo da GM, que ameaçou até sair do Brasil caso não veja dinheiro sobrar novamente. Desde 2010 ela não tem lucro expressivo e, entre 2016 e 2018, teve prejuízo agregado significativo. Está lá no balanço divulgado pela marca para todo mundo consultar.

 

Mas como se ela é líder de mercado? Simples. A GM (Chevrolet) vende muito Onix e Prisma, carros de volume, mas baixo valor agregado. Há também a S10, essa sim com um ticket médio ótimo. E só. Agora analise todos os investimentos que a marca anunciou nos últimos anos. A GM ainda está no caminho de pagar os R$ 3 bilhões investidos entre 2011 e 2012. Fora os de agora. É muito dinheiro.

 

Novos Onix e Prisma vêm aí, por exemplo. Com carroceria inédita, motor 1.0 três cilindros turbo… Tudo isso custa muito dinheiro para ser lançado. O valor cobrado pelo carro, portanto, não é só sobre o produto em si. Além dos fatores mostrados, é preciso rentabilizar as concessionárias, pagar pelas campanhas de marketing e publicidade para manter o carro em evidência e por aí vai.

 

Lucro não tem a ver só com preço

 

Fora isso, há o nível de equipamentos “exigido” que só aumenta. Houve uma correção de curso nos preços dos carros nos últimos três anos em relação a isso, mas o dólar ainda pressiona muito esta tabela. “Ahh, mas comprar um multimídia de uma marca boa no mercado paralelo é a metade do preço!”.

 

Comprar um quilo de batata no mercado também sai a metade do preço de comprar 200 gramas de batata frita no shopping. Mas eu não vejo ninguém reclamar desta diferença em fóruns. Não se trata de levantar a bandeira das montadoras. Mas as pessoas precisam entender de uma vez os custos que envolvem fazer um carro no Brasil. As montadoras não são inimigas das pessoas, muito pelo contrário, são uma das maiores fontes de emprego do País e precisam ficar por aqui, tendo lucro. Isso sim será bom para toda a nação.

 

Há de ser um plano real para a indústria, com impostos menores e sem comprometer os direitos do trabalhadores, para que as pessoas consigam levar carros para casa com mais facilidade, renovar a idade da frota e manter o nível da produtividade estabilizado. E isso é para hoje, porque o modelo de negócio de compartilhamento de carros virá para ficar e as vendas vão cair no mundo todo drasticamente até 2050. (Jornal do Carro)