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Durante a reunião realizada na manhã desta terça-feira, 22, com sindicalistas e prefeitos de São José dos Campos e São Caetano do Sul, Carlos Zarlenga, presidente da GM Mercosul, deixou claro: um novo ciclo de investimentos da montadora no País dependerá de muita negociação e concessões de funcionários, fornecedores e governos.
A informação é do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. A empresa tem se recusado a conversar com a imprensa desde a última sexta-feira, 18, quando comunicado assinado por Zarlenga alertou os funcionários sobre “o momento crítico [da empresa ] que vai exigir importantes sacrifícios de todos”.
O texto permite a interpretação de que a GM poderia encerrar suas operações na região, caso não volte à lucratividade no Brasil e Argentina, base da maioria de suas fábricas na América do Sul e considerados mercados “desafiadores” pela CEO global Mary Barra.
No Brasil, a GM conta com cinco unidades: as pioneiras São Caetano do Sul e São José dos Campos, a também paulista Mogi das Cruzes, Joinville (SC) e Gravataí (RS).
Durante o encontro, Zarlenga lembrou que a montadora passa por reestruturação mundial e que tem encaminhado várias decisões em outros países, inclusive fechamento de fábricas.
Em entrevista a rádio CBN após a reunião realizada em São José dos Campos, o prefeito local, Felício Ramuth, confirmou que a montadora já tem negociado incentivos ou compensações com o governo estadual. “Já foram feitas cinco reuniões e não tenho dúvida de que o governador Dória se sensibilizou e sabe da importância de manter a produção, as fábricas e os empregos aqui no Brasil”, afirmou.
José Aricchio Jr, prefeito de São Caetano do Sul, revelou que a GM teria até interesse de ampliar investimentos no País após 2020, caso as negociações avancem de forma considerada satisfatória pela empresa: “[Os investimentos] Seriam em produtos que começariam a ser fabricados em São Caetano em 2021 e 2022 e em São José dos Campos em 2022 e 2023. Um novo ciclo, mais curto e mais rápido”.
Os sindicalistas, porém, não se mostraram tão receptivos após o primeiro encontro com os dirigentes da empresa. O Sindicato de São José dos Campos posicionou-se contra qualquer plano que envolva demissões e flexibilização de direitos.
Ainda assim, a direção da entidade afirmou no encontro que “está aberta a negociações para garantir empregos, salários e direitos”. Reivindicou ainda a garantia de estabilidade no emprego para todos os 4,8 mil funcionários da fábrica do Vale do Paraíba.
“Somos contra a reestruturação e não aceitaremos que os trabalhadores paguem esta conta com seus empregos. A GM é líder de mercado e não há qualquer motivo que justifique o fechamento de fábricas, como vem sendo anunciado”, afirma Renato Almeida, vice-presidente da entidade.
A primeira rodada de negociação foi iniciada ainda na tarde da terça-feira. As propostas da montadora serão avaliadas em assembleia com os trabalhadores na manhã da quarta-feira, 23.
No mesmo dia a GM se reunirá com os sindicalistas de São Caetano do Sul para discutir seus planos para a unidade do ABC. Encontro semelhante deve acontecer com representantes dos trabalhadores de Gravataí já na semana que vem. (AutoIndústria)