ABC do ABC
A Strada é o modelo mais bem-sucedido do segmento inventado no Brasil, o de picapes originadas de um hatch compacto. No caso da representante da Fiat, do Palio, que nem mais é produzido pela fabricante italiana. Fala-se que uma picape derivada do Argo, o sucessor do Palio, já estaria em testes. Mas a renovação nem parece tão urgente. Afinal, a Strada é um “case” de sucesso da indústria automotiva brasileira. Desde o ano de sua criação, em 1998, o modelo da Fiat liderou as vendas de picapes em 19 dos seus 20 anos de existência. Em 2018, ficou em oitavo lugar entre todos os veículos de quatro rodas, com 67.222 unidades emplacadas e uma média mensal de 5,6 mil exemplares vendidos. Produzida no Polo Automotivo Fiat, na cidade mineira de Betim, a Strada tem na versão Adventure Cabine Dupla, com sua curiosa terceira porta, seu topo de linha, com preço a partir de R$ 67.020.
Com uma vida mais longeva que seu próprio “inspirador”, o Palio, a Strada em termos de design apresenta também outra curiosidade: basicamente, o visual manteve o da primeira geração do carro, surgido em 1997. No entanto, a “picapezinha” não ficou parada no tempo, pois a Fiat sempre colocou retoques e detalhes nas muitas versões da família, em especial, na configuração “top”. Na versão aventureira, toda estilosa, a frente conta com faróis em máscara negra, auxiliares de neblina, grade cromada e um bonito e envolvente para-choque em preto. As portas e laterais têm molduras e estribos com a grafia Adventure. O bem elaborado acabamento se estende sobre o carro, com dois racks que se juntam à capota marítima com dupla função, porque protege ainda o vidro de trás da cabine. A traseira recebe igualmente um bonito acabamento, com o para-choque fazendo conjunto com dois degraus de acesso à caçamba esculpidos na peça.
No interior, o destaque é nova central multimídia sensível ao toque de 6,2 polegadas Mopar, que é item de série. Ela vem com TV digital, CD/DVD-player, AM/FM, Bluetooth, GPS e câmera de ré integrada. O volante é multifuncional e revestido em couro e permite ao motorista atender ou fazer ligações pelo viva-voz. A versão é equipada com motor 1.8, 16 válvulas e injeção eletrônica com 130 cavalos de potência a gasolina e 132 cavalos a etanol, ambos a 5.250 rotações por minuto, e 12,5 kgfm de torque disponíveis a 3,5 mil rpm, associado ao câmbio manual de 5 marchas e uma a ré.
Impressões ao volante
Para o motorista, assumir o comando da Strada Adventure é como estar ao volante do Palio. Apesar de ter o eixo traseiro rígido e a suspensão de traz mais elevada, a picape compacta da Fiat é muito estável, com os inevitáveis pulos deste tipo de veículo – principalmente quando está com a caçamba vazia – bem-comportados. A Strada Adventure não foi avaliada com a caçamba cheia, mas a lógica aponta que a traseira fique “mais no chão” com a picape no “modo trabalho”.
O desempenho do motor 1.8 com 130 cavalos de potência abastecido com gasolina é um dos destaques da Strada Adventure. O câmbio manual – outrora, o “calcanhar de Aquiles” dos carros da Fiat – tem engates macios e precisos. O conjunto mecânico leva a picape de zero a 100 km/h em 10,2 segundos e à velocidade final de 179 km/h. No asfalto, a Strada mostra competência, com retomadas vigorosas. Os números de consumo apontados pelo computador de bordo durante o teste também agradaram: 14,2 km/l na estrada e 11,6 km/l na cidade, com média de 12,6 km/l, com gasolina no tanque. Bem melhor que os dados do Inmetro. O instituto indica que o consumo da Strada Adventure fica em 6,7 km/l na cidade e 7,5 km/l na cidade com etanol e 9,6 km/l na cidade e 11 km/l na estrada com gasolina, rendendo classificação “D” na categoria e “C” no geral.
Quanto às capacidades de números de ocupantes e de carga da caçamba, é bom esquecer as informações da fabricante mineira no primeiro quesito. Embora tenha o mérito de dotar uma picape compacta com cabine dupla – algo impensável quando o segmento foi lançado –, a Fiat não pode afirmar que a Strada carregue quatro adultos. Para que duas pessoas, com estatura baixa, possam se sentar atrás, os bancos da frente têm necessariamente correrem para próximos da direção e do porta-luvas. A caçamba, por outro lado, cumpre a vocação de trabalho da picape, com uma capacidade de transportar até 650 quilos.
Um caso à parte das Strada com cabine dupla é a charmosa terceira porta, colocada na parte direita do veículo. Como ela se abre no sentido oposto ao da porta da frente, acaba ajudando bastante no acesso ao banco traseiro. Em termos de segurança, a engenharia da Fiat garante que a retirada da coluna B (a do meio do carro) não compromete a Strada em possíveis choques laterais, porque a estrutura das duas portas da direita ganhou reforços na construção. (ABC do ABC)