O Estado de S. Paulo
A produção industrial teve leve avanço de 0,1% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal, divulgou nesta terça-feira, 8, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em comparação ao mesmo mês de 2017, o setor teve variação negativa de 0,9%.
A produção industrial de novembro encerra uma série de quatro meses consecutivos registrando variações negativas, já que o IBGE revisou os dados de outubro de um avanço de 0,2% para um recuo de 0,1%. O resultado para novembro é o pior desde 2015, quando recuou 2% em comparação ao mês anterior.
Em comunicado, o gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), André Macedo, explica que o resultado foi insuficiente para recuperar a queda de 2,8% acumulada nos quatro meses anteriores. “O índice ficou próximo à estabilidade e, entre as atividades, houve mais taxas negativas que positivas”, pondera.
Segundo Macedo, a produção foi afetada negativamente em novembro pela menor produção de automóveis. O setor apresentou recuo de 4,2% ante outubro. “Particularmente em novembro, a atividade foi prejudicada pela diminuição na produção de automóveis. No entanto, a atividade segue positiva no acumulado no ano, tendo, inclusive, registrado, nessa comparação, a maior influência positiva entre as atividades pesquisadas”.
No ano, a indústria acumula avanço de 1,5% e em 12 meses registra alta de 1,8%.
Indústria automobilística
O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas do mercado financeiro coletadas pelo Projeções Broadcast, que iam de queda de 0,60% a alta de 1,40%, com mediana positiva de 0,20%.
Produção avança em 10 dos 26 ramos pesquisados
A indústria registrou avanço na produção em apenas 10 das 26 atividades pesquisadas na passagem de outubro para novembro, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal. Na média global a produção teve ligeira alta de 0,1%.
“Embora tenha ficado positivo (o resultado global), isso está calcado em poucas atividades. Há predomínio claro de comportamento negativo, seja nas categorias de uso seja nas atividades”, ressaltou André Macedo.
O avanço de 5,9% na produção de alimentos puxou a alta na média industrial, mas a atividade vinha de quatro meses consecutivos de quedas, período em que acumulou uma perda de 10,3%.
Outros resultados positivos relevantes em novembro foram registrados por produtos farmoquímicos e farmacêuticos (7,1%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,5%).
Na direção oposta, entre os 16 setores com redução, a maior contribuição negativa foi a de veículos automotores, reboques e carrocerias, que recuou 4,2%. Outros impactos negativos importantes foram de máquinas e equipamentos (-3,2%), produtos diversos (-13,3%), outros produtos químicos (-2,0%), indústrias extrativas (-0,6%), produtos de minerais não-metálicos (-1,3%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,8%) e impressão e reprodução de gravações (-7,9%).
Indústria opera 16,4% abaixo do pico de produção registrado em maio de 2011
Em novembro, o patamar de produção estava 16,4% menor que o auge alcançado em maio de 2011, em nível semelhante ao de março de 2009.
“Mesmo com melhora recente da produção industrial em 2017 e 2018, a gente ainda está muito longe do ponto mais alto de produção”, disse Macedo.
A fabricação de bens de capital estava 33,9% abaixo do pico de produção registrado em setembro de 2013, enquanto os bens de consumo duráveis operavam 29,4% aquém do ápice de produção visto em junho de 2013. De janeiro a novembro de 2018, a indústria acumula um avanço de 1,5%.
Segundo Macedo, é provável que a indústria encerre o ano no azul. “Precisava de uma taxa muito negativa (em dezembro) para diluir esse ganho (e fechar ano de 2018 negativo)”, explicou o pesquisador.
No entanto, o desempenho de 2017 tinha sido melhor, com alta de 2,6%. Caso a produção encerre 2018 com taxa positiva, o ganho ainda será insuficiente para recuperar os três anos anteriores de quedas (em 2016, -6,4%; em 2015, -8,3%; em 2014, -3,0%), quando a indústria acumulou uma perda de 16,7%.
Produção de bens de capital cai 2,7% em novembro ante outubro
A produção da indústria de bens de capital teve queda de 2,7% em novembro ante outubro, informou o IBGE. Na comparação com novembro de 2017, o indicador mostrou avanço de 3,5%. De janeiro a novembro, houve crescimento de 8,2% na produção de bens de capital. No acumulado em 12 meses, a taxa ficou positiva em 8,3%.
Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou redução de 0,4% na passagem de outubro para novembro. Na comparação com novembro de 2017, houve queda de 0,9%. No acumulado do ano, a produção de bens de consumo subiu 1,9%. No acumulado em 12 meses, o avanço foi de 2,1%.
Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de novembro foi de recuo de 3,4% ante outubro. Em relação a novembro de 2017, houve redução também de 3,4%. Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve estabilidade na produção (0,0%) em novembro ante outubro. Na comparação com novembro do ano passado a produção diminuiu 0,3%.
Para os bens intermediários, o IBGE informou que a produção aumentou 0,7% em novembro ante outubro. Em relação a novembro do ano passado, houve uma queda de 1,4%.
No acumulado ano, os bens intermediários tiveram aumento de 0,6%. Em 12 meses, houve elevação de 0,9% na produção. O índice de Média Móvel Trimestral da indústria teve queda de 0,6% em novembro. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim)