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Essa novidade traz uma grande ruptura na estrutura tradicional de negócios do setor automotivo e Sherif Marakby, CEO da Ford Autonomous Vehicles, divisão da marca voltada ao segmento, explica quais são as bases para viabilizar a adoção dessa tecnologia em larga escala.
“Para a Ford, os veículos autônomos são apenas o facilitador de um novo tipo de negócio que está sendo construído. Por isso, já estamos projetando, testando e operando o ecossistema de serviços que será necessário para o nosso futuro negócio de carros autônomos, criando os recursos para a sua expansão e geração de um fluxo sustentável de receitas no futuro”, diz o executivo.
Segundo ele, a proposta da marca é que os veículos autônomos resolvam problemas reais, com níveis de acessibilidade, conveniência e preço que não são possíveis hoje.
“Acreditamos que um serviço de carros autônomos de sucesso deve ser construído com base nos princípios de fornecimento, operação e demanda. Isso pode parecer óbvio, mas o diabo está nos detalhes. Primeiro, é preciso ter acesso a veículos e tecnologia de condução autônoma. Depois, vem a operação, que não recebe muita atenção comparado ao desenvolvimento da tecnologia de direção autônoma, mas é o que fará a diferença na gestão de um negócio viável. E, por fim, claro, é preciso identificar os clientes que poderão ser atendidos pelo serviço”, destaca.
A seguir, um resumo do que a Ford está fazendo para criar um serviço viável de carros autônomos, com fundamentos sólidos de negócios.
Fornecimento
A Ford está usando a sua grande experiência na produção de automóveis para garantir que os carros autônomos atendam as necessidades dos consumidores e das empresas. Ou seja, veículos que sejam duráveis para enfrentar o ambiente urbano, com tecnologia híbrida para otimizar o rendimento e alto nível de segurança incorporado desde o projeto.
“Nossa vantagem é que podemos projetar e fabricar veículos personalizados para esse fim. Os serviços autônomos, seja de passageiros ou de entrega de mercadorias, são totalmente novos, por isso precisamos projetar para o futuro em vez de apenas adaptar o que existe hoje”, afirma Sherif Marakby.
Um veículo autônomo, é claro, tem de saber dirigir. A Ford trabalha em parceria com a Argo AI para desenvolver o cérebro por trás dos seus veículos autônomos. Esse relacionamento envolve uma profunda integração de todas as áreas, tanto de hardware como de software. A equipe de software da Argo AI trabalha diretamente com as equipes de chassi, motores e transmissões da Ford para desenvolver controles aprimorados e sensores confiáveis e duráveis para aplicação automotiva, com uma compreensão completa da dinâmica do veículo.
O foco da Argo é desenvolver veículos autônomos que rodem naturalmente, integrando-se ao comportamento dos usuários de cada cidade. Por meio de algoritmos avançados que fazem previsões com base no que vêem no ambiente, eles poderão realizar rapidamente os mínimos ajustes necessários para proporcionar um passeio tranquilo e confortável às pessoas, inspirando confiança.
Operação
Quando os carros autônomos chegarem ao mercado, saber administrar a frota será um item essencial. A Ford trabalha com gestores de frotas desde o seu início e este ano lançou a Ford Commercial Solutions (FCS), braço que ajuda empresas de transporte a melhorar sua operação monitorando o desempenho de veículos conectados. A FCS também vai ajudar a gerenciar as frotas próprias de veículos autônomos da Ford.
A FCS já administra a frota de veículos autônomos de teste da Ford em Miami, EUA, e seu software é usado em dois serviços: o Chariot, de compartilhamento de caronas, e o GoRide, que transporta idosos, pessoas com deficiência e moradores de locais isolados para atendimento médico.
Outra tecnologia por trás desses serviços é a Nuvem de Mobilidade no Transporte, desenvolvida pela Autonomic, que serve de base para o sofisticado sistema dinâmico de rotas e para o software de reservas.
Além de coletar dados para melhorar o desempenho e reduzir o tempo ocioso dos veículos, com a ajuda de aplicativos, esse sistema gerencia a manutenção dos carros na rede de concessionárias da Ford. A empresa desenvolveu também ferramentas específicas para o gerenciamento de frotas de polícia. Toda essa experiência ajudará a administrar a frota própria de carros autônomos da Ford, organizando desde a manutenção de rotina e atualizações de software até a compra de peças.
“O tempo ocioso é inimigo de um serviço de transporte autônomo de sucesso. A frota deve estar sempre rodando para maximizar o uso de cada veículo, já que o negócio se baseia em quilômetro percorrido e não em veículos vendidos”, diz Marakby.
Demanda
O uso da carona compartilhada e entrega de mercadorias está crescendo com a ajuda dos aplicativos e conexão com a internet, setores em que os veículos autônomos devem atuar. A estratégia da Ford é trabalhar com empresas líderes que já contam com uma base de clientes desses serviços.
Muitas empresas, como a Domino’s Pizzas e o Walmart, poderiam vender mais, mas muitas vezes não dispõem de motoristas suficientes para a entrega. Um serviço de entrega autônoma poderia complementar esse atendimento nos horários de pico. Pequenas e médias empresas que não têm recursos para montar uma frota própria também poderiam usar essa plataforma de veículos autônomos. Usando recursos de roteamento dinâmico e despachos otimizados, essa plataforma poderá fornecer veículos para as empresas nos horários de pico e, nos períodos livres, realizar entregas para mercearias ou lavanderias, por exemplo.
“O fim da necessidade de dirigir trará uma grande oportunidade de personalizar o uso do veículo, principalmente com serviços digitais conectados”, afirma Marakby. “Há várias maneiras de melhorar a experiência do cliente, por exemplo, quando ele é levado ao trabalho ou vai passear à noite na cidade, e nosso objetivo é que ele possa aproveitar seu tempo fazendo o que quiser”. (ABC do ABC)