Retomada industrial deve beneficiar setor de aço

DCI

 

A melhora esperada para a atividade industrial em 2019 deve beneficiar o setor siderúrgico, mas não será suficiente para recuperar as perdas dos últimos anos. A ociosidade da indústria brasileira ainda impede investimentos em expansão de capacidade.

 

“Acreditamos que a atividade cresce no ano que vem, mas deve levar pelo menos dois anos para o mercado de aço chegar ao patamar de 2013”, declarou o presidente executivo do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Jorge Loureiro, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (18). A entidade estima crescimento de 10% nas vendas do setor em 2019.

 

O diretor de pesquisa econômica da Pezco, Helcio Takeda, avalia que atualmente não há investimento suficiente em bens de capital para recompor a queda que ocorreu no período de crise. “Percebemos um aumento da confiança na recuperação da economia, mas a magnitude ainda é bastante aquém do necessário para repor as perdas.” Ele destaca que ainda não há investimentos em expansão de capacidade, mas uma recomposição de equipamentos depreciados. “Há uma ociosidade na economia que posterga investimentos mais expressivos”.

 

Takeda aponta que a indústria siderúrgica vem apresentando uma recuperação desde o final de 2017, bastante influenciada pelo desempenho do setor automotivo.

 

De acordo com Loureiro, duas montadoras aceitaram o repasse de preço de 25% das usinas. “O setor automotivo passou o ano inteiro sem reajustes no aço, mas agora teve que aceitar este aumento. De qualquer forma, isso deve melhorar o resultado das usinas”.

 

A estimativa é de que a rede de distribuição de aços planos feche 2018 com melhora por volta de 7% nas compras e de 5,7% nas vendas. “O setor de máquinas e equipamentos, especialmente linha amarela, foi muito bem”, conta o dirigente. “O automotivo acabou sofrendo pela queda na exportação, mas deve ter um crescimento notável no ano que vem.” Para 2019, o dirigente prevê mais estabilidade no segmento. “Não vemos nenhuma grande variação em relação a dólar e preços”, ressalta.

 

O giro de estoques de novembro alcançou 3,6 meses. “Está um pouco alto ainda, o ideal é 3,2 meses”, explica Loureiro. Já a importação de aços planos no acumulado de janeiro a novembro totalizou 1,128 milhão de toneladas, uma queda de -2,7% em relação ao igual período do ano passado.

 

Construção civil

 

O presidente do Inda acredita que a construção civil deve ter um impacto positivo para o setor de aço em 2019. “Em outubro, houve uma melhora das vendas no mercado imobiliário. Está ocorrendo uma recuperação.” Ele prevê que o consumo da matéria-prima deve ocorrer no 2º semestre, após a concretização dessas vendas.

 

Takeda destaca que o desempenho da construção civil vai depender da melhora da economia brasileira. “Já está apresentando um crescimento, talvez a lei dos distratos seja importante para manter essa recuperação.” Ele pontua que esse movimento pode impactar a demanda por aços longos. “Consolidaria o avanço do setor como um todo, o que não ocorreu em 2018”. (DCI/Ricardo Casarin)