VW tenta atrair fornecedores para caminhão elétrico

O Estado de S. Paulo

 

A Volkswagen Caminhões e Ônibus quer replicar o modelo do consórcio modular da fábrica de Resende (RJ) para atrair fornecedores de componentes para a produção de veículos elétricos e híbridos. O grupo mantém conversas com algumas empresas, entre as quais Meritor (eixo e suspensão), Siemens (motores e componentes elétricos) e ZF (transmissões) para criar um complexo específico para os novos veículos. Também espera, no longo prazo, atrair uma fabricante de baterias.

 

Inaugurada há 22 anos, a fábrica introduziu no País o inédito conceito de consórcio modular, reunindo na mesma área sua linha de produção e sete fabricantes de autopeças – que entregam kits montados de chassi, eixo e suspensão, rodas e pneu, motor e transmissão e fazem pintura, solda e acabamento de cabines.

 

Indústria automobilística

 

A montadora já testa pelas ruas de São Paulo dois caminhões elétricos que entregam bebidas em parceria com a Ambev. Transportadores que prestam serviços para a Ambev encomendaram 1,6 mil caminhões movidos a energia para serem entregues até 2023.

 

A Volkswagen também busca parceria para iniciar, em seis meses, teste com um ônibus híbrido (elétrico/gasolina ou etanol). Os dois veículos foram desenvolvidos no Brasil e, para dar continuidade aos projetos, a empresa contratará mais 100 engenheiros. Hoje, tem 400.

 

O caminhão elétrico e-Delivery e o ônibus híbrido Volksbus e-flex começarão a ser produzidos em série em 2020. Até lá, a empresa espera ter fornecedores de vários componentes, como motor e eixo. Os caminhões em teste têm motor nacional da Weg e baterias trazidas da China. “Nossa intenção é um dia ter um produtor local de baterias”, afirma Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, que faz parte do Grupo Traton (reúne também MAN e Scania).

 

Demanda leva à abertura de vagas

 

As vendas totais de caminhões até novembro cresceram 50%, para 68,8 mil unidades, e as de ônibus, 27,4%. A Volkswagen, por sua vez, aumentou vendas dos dois segmentos em 51%, para 17,1 mil unidades e 2,9 mil, respectivamente.

 

Com a demanda em alta, a empresa contratou este mês 350 funcionários, que começarão a trabalhar em janeiro em um segundo turno parcial. A montadora e os fornecedores do complexo chegaram a trabalhar em três turnos (24 horas ininterruptas) em 2012 e 2013, mas reduziram para dois no início da crise econômica e, desde 2015, operam em apenas um turno. Com as contratações, o grupo emprega hoje 3.550 funcionários.

 

“A recuperação deste ano veio forte e superou nossas expectativas”, diz Cortes. “Estou convicto de que 2018 encerra oficialmente um dos períodos mais sérios da nossa economia.” O executivo espera novo crescimento de vendas de dois dígitos em 2019. A maioria dos executivos do setor trabalha com alta entre 15% e 20%.

 

Apesar da recuperação, a fábrica, que tem capacidade para produzir 80 mil veículos ao ano, ainda opera com 50% a 60% de ociosidade. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)